O presidente do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), Rajendra Pachauri, afirmou na segunda-feira (30) que reduzir os efeitos da mudança climática é indispensável para conseguir o desenvolvimento econômico dos países mais pobres.
Pachauri foi o encarregado de inaugurar, junto ao economista britânico Nicholas Stern, a sessão de alto nível de 2008 do Conselho Econômico e Social (ECOSOC) das Nações Unidas.
"Temos uma pequena janela de tempo na qual podemos implementar as medidas de combate necessárias para limitar os efeitos da mudança climática ou inclusive evitar suas conseqüências", disse Stern, em entrevista coletiva.
Ele afirmou que o grande desafio representado pelo aquecimento global é a causa de um tipo de desenvolvimento econômico que não é sustentável, e que terminará por solapar todos os avanços econômicos conseguidos pelo planeta, se o modelo não mudar.
Pachauri afirmou que frear a acumulação de dióxido de carbono na atmosfera requer o investimento de 2% a 2,4% do PIB (Produto Interno Bruto) global até 2030. "A mudança climática e o desenvolvimento estão inexoravelmente vinculados, e, se falhamos em um, falhamos no outro", avaliou.
Ele afirmou que manter o mesmo modelo econômico baseado nos combustíveis levaria o mundo a entrar no século 22 com um aumento da temperatura média global de 5ºC, algo que a Terra não experimentou há entre 30 bilhões e 50 bilhões de anos.
Segundo suas estimativas, reduzir em 50% até 2050 as emissões de gases que provocam o efeito estufa custaria o equivalente a 2,6% do PIB global. Stern pediu aos países mais industrializados que se comprometam com uma redução das emissões de 80%.
Ao mesmo tempo, reconheceu que o combate aos efeitos da mudança climática não podem ser alcançados sem um compromisso similar das economias emergentes, como China e Índia, que são as novas fontes maciças de dióxido de carbono.
(Folha Online, Ambiente Brasil, 02/07/2008)