Uma audiência com representantes da prefeitura definiu que categoria deverá voltar para o Bairro Itacorubi
O clima voltou a ficar tenso entre os trabalhadores da Associação de Coletores de Materiais Recicláveis, instalados na área da Baía Sul, na Capital.
Uma audiência no Ministério Público com representantes da prefeitura definiu que eles devem deixar o local até sexta-feira (04) e voltar ao Centro de Transferência de Resíduos Sólidos, no Bairro Itacorubi. Mas há resistências. Os recicladores estão passando um abaixo-assinado para permanecer na área central e pretendem apresentar o documento ao prefeito Dario Berger.
Ontem (30) à tarde eles fizeram uma reunião para definir propostas a serem apresentadas.
- A gente sabe que aqui, uma área de preservação ambiental, não é o melhor lugar. Mas precisamos ficar próximos do Centro, onde está a matéria-prima - disse Ângela Aparecida de Jesus.
Tereza Polavicini trabalha com as duas filhas na coleta de material.
- Nós fomos para o Itacorubi, mas do jeito que estava foi injusto pois uns trabalhavam muito e outros poucos.
Ester Andrade lembrou que o local, ao lado de um mangue e perto do CentroSul, não tem cobertura, luz elétrica e banheiro.
- Isso aqui não é um lixão. Temos pessoas trabalhando e inclusive crianças, que acompanham os pais.
A associação tem como presidente Volmir Rodrigues dos Santos, que também representa os trabalhadores que decidiram ficar no Itacorubi. Ele esteve na reunião, onde o promotor de Justiça Rui Arno Richter definiu os prazos para a desocupação da área.
- A gente nem sabia bem o que estava assinando. Nossa proposta era de ficar de 60 a 90 dias, mas não teve jeito - contou.
A Companhia Melhoramentos da Capital (Comcap) manteve a proposta de colocar caminhões à disposição dos coletores para recolhimento e transporte do material. De acordo com o presidente, José Nilton Alexandre, não existe outra saída.
- Mesmo que houvesse um galpão, o zoneamento da cidade não permitiria.
Os moradores acusam "um representante da prefeitura" de estimular a permanência deles no local.
- Ninguém mais quer saber da gente - reclamam os trabalhadores, que prometem até fechar as pontes se tiverem que deixar o local.
Antes de ocupar o aterro, os catadores estavam nas proximidades das pontes que ligam Ilha e Continente. O risco de incêndio, inclusive pela passagem da tubulação de gás, foi um dos motivos da transferência para outros locais.
(Por Ângela Bastos, Diário Catarinense, 01/07/2008)