Brasil derrubou 47,8% das florestas tropicais úmidas do planeta no período entre 2000 e 2005, quatro vezes mais do que a Indonésia
O Brasil foi responsável por 47,8% do desmatamento de florestas tropicais úmidas entre 2000 e 2005, quatro vezes mais do que o segundo colocado, a Indonésia, com 12,8%. O ranking foi apresentado em uma pesquisa que será divulgada esta semana na edição digital da revista científica americana Proceedings of the National Academy of Sciences (www.pnas.org).
Veja os números oficiais do desmatamento
No mundo, a área desmatada acumulada no período foi de 272 mil km², mais do que os territórios dos Estados de São Paulo e Sergipe juntos. A pesquisa estimou que a taxa anual de desmatamento no Brasil foi de 26 mil km². Na Indonésia, foi de 7 mil km². “Não há novidade no dado sobre o Brasil. É o valor esperado”, explica o pesquisador sênior do Imazon, Adalberto Veríssimo. “O grande mérito foi ter calculado o desmatamento nos outros países. Assim, é possível estabelecer uma comparação.”
O diretor de Políticas Públicas de Controle do Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, André Lima, questiona a taxa anual para o Brasil. Ele explica que, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o valor correto seria 21,45 mil km².
Segundo a pesquisa americana, cerca de 55% do desmatamento está concentrado em apenas 6% das florestas tropicais úmidas, configurando essas regiões como hotspots - áreas com grande biodiversidade e altamente ameaçadas.
Veríssimo aproveita para reafirmar a responsabilidade do País. “Temos um terço das florestas tropicais úmidas do mundo e quase metade do desmatamento”, compara. “É desproporcional. Temos uma grande responsabilidade diante dos demais países.”
MÉTODO
Ao Estado, o professor da Universidade do Estado da Dakota do Sul, Matthew Hansen, responsável pela pesquisa, afirmou que o método demonstrou ser eficaz para grandes áreas. “Vai ajudar os protocolos de monitoramento globais que estão sendo criados.”
Para a confecção do mapa global, os pesquisadores cruzaram dados dos sistemas Modis e Landsat de imagens por satélite.
(Por Alexandre Gonçalves, O Estado de S. Paulo, 30/06/2008)