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passivos da silvicultura cana-de-açúcar aracruz/vcp/fibria
2008-07-01
As terras do norte e noroeste do Espírito Santo, da região de Minas Gerais formada por Nanuque e Teófilo Otoni e do sul da Bahia são, ou serão, ocupadas por cana ou eucalipto. As transnacionais Aracruz Celulose e Infinity Bio-Energy estão intensificando a compra de terras para formação de seus latifúndios nestes três estados. O preço da terra disparou.

Os investimentos das transnacionais inviabilizam, na prática, a desapropriação de terras para reforma agrária, como alerta Dorizete Cosme, um dos coordenadores estaduais do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPE). Os plantios de cana-de-açúcar e eucalipto também reduzem as áreas dos plantios de alimentos.

A Aracruz Celulose e a Infinity Bio-Energy continuam comprando as terras que aparecem. “Continuam comprando terras tanto no norte e noroeste do Espírito Santo como em Minas Gerais e na Bahia”, diz Dorizete Cosme.

O principal impacto destas compras na área econômica é o aumento do preço da terra nos três estados. Até o final de 2006 o preço do alqueire variava de R$ 25 mil a R$ 30 mil. Hoje, o alqueire está valendo entre R$ 40 mil e R$ 50 mil.

A Aracruz Celulose também passou a comprar terras em outras regiões do Espírito Santo. Seus eucaliptais já secam nascentes nas bacias dos rios Jucu e Santa Maria, que abastecem a Grande Vitória. Os plantios são feitos até no sul capixaba.

Dorizete Cosme lembrou que as terras das regiões norte e noroeste são em sua maioria utilizadas por pastagens para criação extensiva de gado. São terras degradadas primeiro por desmatamento, depois por plantios de café e, finalmente destinadas a pastagens.

Embora degradadas pela utilização intensiva e de forma incorreta, com corte da vegetação até nas margens dos córregos e rios, estas  terras eram passíveis de recuperação com a utilização da agroecologia.

Entre os princípios da agroecologia estão a recuperação das áreas de recarga de água, que são os topos de morros e encostas; a proteção das nascentes de pisoteio dos animais; a proteção das áreas de brejos; e plantios de árvores nativas nas margens dos córregos e rios. Tudo sem uso de adubos químicos ou de agrotóxicos.

Agora não tem mais jeito. Os plantios de eucalipto e da cana produzem o chamado Deserto Verde. O eucalipto não aceita a concorrência de plantas nativas e as poucas espécies que resistem são mortas com herbicidas. Também são usadas grandes quantidades de formicidas. Há contaminação do solo e da água pelos agrotóxicos.

Também há degradação nos plantios de cana. Além da grande quantidade de adubos e venenos, os plantios são queimados anualmente para corte.

Além da degradação ambiental, há prejuízos para a economia. São gerados poucos empregos com as plantações de cana e eucalipto. Além de a celulose e o etanol serem produtos de exportação que não geram recolhimento de impostos.

O governo do Estado reconhece que o Espírito Santo tem 210 mil hectares de eucalipto. Ambientalistas e agricultores afirmam que o Estado não tem menos de 300 mil hectares de eucalipto plantados, a quase totalidade da Aracruz Celulose ou de proprietários que colocaram suas terras a serviço da empresa, participando do Programa Produtor Florestal. Os eucaliptais tomaram terras que produziam alimentos.

Os plantios de cana são da ordem de 60 mil hectares. Mas a Infinity Bio-Energy deverá aumentar os plantios de cana para aproximadamente 180 mil hectares. Também os plantios de cana desviam terras agrícolas para produzir combustíveis, agora o etanol.

Além de reduzir a produção dos alimentos no Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia, o desvio das terras agrícolas para a produção de eucalipto e da cana têm aumentado o preço dos alimentos, ainda segundo denúncia do MPA.

Um outro fator para o aumento do preço de alimentos como arroz, milho e feijão é a especulação mundial que as transnacionais fazem com os produtos agrícolas. Os agricultores apontam que não há falta de alimentos, só as manobras das transnacionais para aumentar o preço. Mas alertam que com a destinação das terras agrícolas para plantios de biocombustíveis há  risco de faltar alimentos a curto prazo.

(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário, 30/06/2008)

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