A Polícia Federal prendeu no fim de semana (28/29), no arquipélago de Fernando de Noronha (540 km de Recife, PE), sete pessoas suspeitas de cometer crime ambiental. Elas teriam construído irregularmente imóveis em áreas de preservação.Segundo a PF, os presos --cinco homens e duas mulheres, todos moradores do local--, já haviam sido autuados e tiveram suas obras embargadas em 2006. Mesmo assim, não paralisaram as construções. Cerca de 40 policiais participaram da ação, batizada de "Operação Arquipélago". Oito ordens de prisão foram expedidas pela Justiça, mas um dos suspeitos não foi encontrado.
Os presos foram levados nesta segunda-feira para Recife em um avião da PF e transferidos para presídios da cidade. Segundo a polícia, eles foram autuados em flagrante, sob suspeita de crime de dano de natureza permanente à unidade de conservação. Poderão ser punidos com até cinco anos de reclusão.De acordo com o chefe da divisão de controle e fiscalização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) em Pernambuco, Leslie Tavares, os imóveis irregulares poderão ser demolidos ainda neste ano.
O advogado dos presos, João Paulo do Nascimento, disse que as prisões foram ilegais, porque seus clientes estão se defendendo no processo administrativo aberto no Ibama e não poderia haver flagrante. A PF informou que esse processo não tem relação com as prisões.Parentes dos detidos também reclamaram. "Fico indignada, porque Noronha está cheia de mansões e só prenderam peixe pequeno", disse a camareira Ana Paula da Silva Alves, irmã de uma das presas.
Levantamento do Ibama aponta que, dos cerca de 700 imóveis existentes no arquipélago, aproximadamente cem (14%) possuem algum tipo de irregularidade. "São problemas que vão de ampliações não-autorizadas a invasões de áreas protegidas", disse o chefe da divisão de fiscalização.Segundo ele, aproximadamente 40% dessas construções já foram autuadas. As multas aplicadas somam R$ 120 mil. "Há residências, hotéis e pousadas", disse. As obras, afirmou, foram embargadas.
(Por Fábio Guibu, Agência Folha, 30/06/2008)