Depois de uma semana de reuniões em Santiago, no Chile, os integrantes da Comissão Internacional Baleeira (CIB) decidiram evitar constrangimentos diplomáticos entre países baleeiros e países conservacionistas e adiaram as principais discussões do encontro - como a manutenção da moratória à caça comercial de baleias e a criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul. Um grupo de trabalho foi criado para, em um ano, tentar chegar a um consenso.
O Japão e seus aliados estavam dispostos a derrubar a moratória à caça comercial de baleias, que vigora desde 1986. Ignorando a maioria conservacionista da CIB, o Japão se auto-concedeu uma permissão especial para matar mil baleias por ano, sob o pretexto de promover pesquisas científicas. Noruega e Islândia continuam desafiando a moratória e deixaram claro no encontro que pretendem continuar caçando baleias.
Mesmo com a decisão de adiar as votações, a Dinamarca resolveu colocar na mesa uma votação para conseguir caçar mais 10 baleias jubartes, animais ameaçados de extinção, para sua caça aborígene. A votação veio a tona e perdeu por 29 contra 36 votos.
Apesar da Dinamarca ter causado um certo constrangimento, os países conservacionistas, entre eles o Brasil, prefeririam não tensionar ainda mais o clima e não votaram questões como a criação do Santuário de Baleias do Atlantico Sul, para focar no processo de modernização da CIB. "O Santuário de Baleias do Atlântico Sul deveria ser adotado esse ano", afirma Leandra, coordenadora da campanha de Baleias do Greenpeace Brasil que participou do encontro em Santiago.
"No entanto, os países conservacionistas demonstraram boa-fé no processo de modernização da CIB ao concordarem em esperar mais um ano para a sua adoção. Esse gesto deveria ser acompanhado pelos países que caçam, por meio de um compromisso de não caçar no Oceano Antártico. Esperamos que o Santuário de Baleias do Atlântico Sul seja adotado na reunião do ano que vem", afirma Leandra, acrescentando que o Greenpeace acompanhará as gestões diplomáticas que serão feitas para conseguir mais países votando a favor das baleias. "Queremos alcançar esse objetivo na próxima reunião da CIB, marcada para a Ilha da Madeira, em 2009."
Para Karen Sack, do Greenpeace Internacional, também presente ao encontro, o acordo dos governos para estabelecer um processo que apoiará a discussão do futuro da CIB foi bom, "mas os países não podem esquecer que sua responsabilidade imediata é com a proteção e o futuro de todas as espécies de baleias do mundo.
(Greenpeace, Ambiente Brasil, 30/06/2008)