O projeto para a construção de uma Usina Hidrelétrica no Rio Passo Fundo, no Noroeste gaúcho, já vem sendo analisado por técnicos e entidades. Ainda sem data prevista, o empreendimento vai alagar uma grande área de lavoura, podendo atingir 500 mil habitantes.

O rio, que atinge 40 municípios do Rio Grande do Sul e deságua no rio Uruguai, já possui problemas de erosão e falta de mata ciliar, afirma o ambientalista e integrante da entidade não-governamental Sentinela dos Pampas, Paulo Fernando Cornélio. A falta de projeto adequado para a conservação e manutenção no rio Passo Fundo preocupa os ambientalistas da região. Com a construção da barragem, Paulo alerta que a situação pode se agravar, inclusive no que diz respeito à qualidade da água.

“E essa é também a nossa grande preocupação: tanto a nascente, a jusante como a montante, ele tem que ser feito projeto adequando as suas realidades. E esse projeto, pelo menos ao nosso parecer, nós não seríamos favoráveis nesse primeiro momento, porque o projeto é ainda muito insipiente. Então, nós temos que aprofundar na discussão”, diz.

Ao contrário do que se afirmava, as usinas hidrelétricas não são fontes mais limpas de energia. Estudos recentes mostram que a quantidade de gás carbônico emitido quando as terras são alagadas é maior do que outras matrizes energéticas não renováveis.

Por isso, Paulo questiona o governo, que está autorizando a construção de diversas usinas hidrelétricas no país. Para ele, é necessário o investimento em energias alternativas, como a solar. Além disso, o ambientalista diz que o governo poderia incentivar as pequenas usinas, ao contrário do que está fazendo, ao autorizar no rio Passo Fundo a construção de uma barragem de médio porte.

Paulo afirma que a ONG estuda uma proposta para encaminhar ao Ministério Público. Para ele, já que a construção é inevitável, que ao menos os impactos ambientais sejam menores. Não foi divulgada a empresa dona do empreendimento, mas ela já está fazendo o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA), previstos por lei. Depois de passar pelo Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do rio Passo Fundo, os documentos serão aprovados ou não pelos técnicos da Comissão.

(Por Paula Cassandra, Agencia Chasque, 30/06/2008)