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etanol cana-de-açúcar
2008-06-30
Se a segunda geração de etanol (conhecido como álcool celulósico, produzido a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar) for viável, vai acontecer primeiro no Brasil. Essa foi a idéia defendida pelo engenheiro químico Jaime Finguerut no 3º Congresso Internacional de Bioenergia que encerra hoje em Curitiba, no Paraná. Ele afirma que o país possui as melhores qualidades técnicas para a produção de cana de açúcar, superando todas as demais fontes utilizadas para produção de etanol no mundo (como milho ou beterraba).

Apesar de muitos pesquisadores afirmarem que o Brasil está ficando para trás na corrida pelo etanol de celulose, Finguerut acredita que o país não só tem condições de competir nas pesquisas, como poderá dominar a tecnologia até mesmo antes dos americanos. “Se essa tecnologia não der certo no Brasil, não vai dar certo em lugar nenhum”, defende.

Mesmo não sendo o maior produtor nem contando com os maiores investimentos (Estados Unidos lidera em quantidade de plantações e contam com 1 bilhão de dólares para pesquisas), o Brasil possui fortes diferenciais competitivos, como as condições climáticas e geográficas favoráveis e o controle sobre a matéria-prima: o bagaço da cana é uma fonte de biomassa farta, altamente energética, de fácil digestão e imediatamente disponível, explica o engenheiro químico.

Melhor técnica

Além da grande disponibilidade, o Brasil se destaca pela melhor técnica produtiva da cana-de-açúcar no mundo. O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), no qual Finguerut atua como gerente de desenvolvimento estratégico industrial, é um exemplo do pioneirismo brasileiro no setor sucroalcooleiro – a entidade privada sem fins lucrativos desenvolve há mais de 30 anos tecnologias inovadoras para melhorar o processo produtivo da cultura da cana no Brasil.

“Com os pólos de desenvolvimento de variedades conseguimos tornar a nossa cana altamente produtiva porque ela é adaptada a cada ambiente, o que baixa o custo de produção e reduz a pegada ambiental”, explica Finguerut. A qualidade também é assegurada pelas calibrações (tratamentos matemáticos realizados a partir de análise de imagens de satélites), que permitem que se visualize a área plantada e se defina melhores variedades, formas de uso do solo e produtividade para cada local.

Finguerut reforça que há produção de cana em vários os lugares do mundo (Japão, Espanha, EUA), mas nenhum deles possui produtividade comparável a do Brasil. Entre os diferenciais nacionais está o controle biológico de pragas; a resistência a doenças (sem o uso de fungicidas e outros produtos químicos); o trabalho na agronomia da cana (que determina melhores formas de manejo) e a apropriação da matéria-prima para o processamento industrial.


“Como resultado de todo esse trabalho, obtemos o combustível líquido mais barato e sustentável do mundo, com tecnologia totalmente brasileira”, enfatiza.

Outra vantagem para o Brasil é a capacidade de produzir cana-de-açúcar o ano inteiro: a safra nas regiões sudeste e sul ocorre entre abril e novembro, enquanto no nordeste é de setembro a março. O país também conta com as melhores condições para a cultura canavieira, pois está localizado entre os trópicos, onde é maior a incidência de raios solares, fundamentais para o processo de fotossíntese e o crescimento da biomassa.

Condicionantes

O mercado do álcool está condicionado, entre outros aspectos, pela limitação de áreas agricultáveis – quesito no qual o Brasil se destaca. “Na China, as terras estão cheias de gente em cima, nos EUA e na Europa, já estão todas plantadas”, lembra Finguerut, acrescentando que as principais áreas para o plantio da cana-de-açúcar estão no Brasil e em uma parte da Argentina.

Outro fator determinante nesse setor é a disponibilidade de água (quase 100% da cana brasileira é produzida sem utilizar irrigação). Finguerut afirma que volume ainda pode ser aumentado em 15 vezes sem o uso de técnicas artificiais. Já utilizando a irrigação, poderia ser multiplicado por 20.

Geração de energia

O consenso entre os palestrantes do 3º Congresso Internacional de Bioenergia é de que o potencial da cana-de-açúcar brasileira ainda é mal aproveitado. “Hoje usamos apenas 1/3 da energia que a cana absorve pela fotossíntese, mas podemos ampliar esse potencial utilizando o excesso de bagaço para geração de energia”, afirma Finguerut.

O mesmo argumento foi utilizado por Vadson Bastos do Carmo, da Dedini S/A Indústrias de Base, durante a sua palestra nesta quinta-feira. Além do bagaço da cana, que pode ser queimado para geração de energia, Carmo destaca que 1/3 do potencial de energia é proveniente da palha que fica na lavoura e que acaba sendo desperdiçado quando se ateia fogo nas áreas de colheita.

Apesar de o país ainda não possuir tecnologia disponível para aproveitar esse resíduo, Carmo diz que o Brasil se encaminha para um novo ciclo de negócios, que ele chama de “3º Grande Salto”. Prova disso, explica, é a nova visão apresentada por indústrias do setor, como a Dedini, que está focada na projeção de novas usinas para obtenção do máximo aproveitamento energético da cana, do bagaço e da palha; assim como de seus subprodutos, como a linhaça. Esse novo modelo de usina trabalhará ainda com a produção integrada de biodiesel e bioetanol.

“A segunda geração do etanol é uma inovação de ruptura que nos possibilitará utilizar o bagaço e a palha da cana que hoje são desperdiçados no processo de fabricação do açúcar e do álcool”, diz Carmo.  Ele explica que atualmente com 80 toneladas de cana-de-açúcar é possível gerar 6,8 mil litros de etanol. A aplicação dessas outras matérias-primas permitirá que se dobre a produção de etanol por hectare no país, ressalta.

A tecnologia para transformar celulose em etanol já existe de fato e é aplicada em vários projetos pilotos no mundo e até no Brasil. A dificuldade encontrada pelos pesquisadores é elevar a produção a uma escala industrial, já que as enzimas necessárias para quebrar a celulose em pedaços menores, passíveis de fermentação, custam muito caro. A busca entre os cientistas é por microrganismos capazes de sintetizar enzimas mais eficientes e com menor custo de produção.

Uma terceira geração de biocombustíveis, ainda mais distante da nossa realidade atual, permitiria a produção de combustíveis líquidos pela gaseificação da biomassa – e pode ser um novo mercado promissor para o Brasil.

Aumento da produção

Hoje o Brasil processa 500 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano e, para atender a crescente demanda mundial por energia e combustível, precisará expandir a sua produção.  “Contamos com 63 milhões de hectares de terras agrícolas no país; desse total, 7,8 milhões de hectares são ocupados pela cana – que gera sozinha 25% do PIB agrícola do Brasil”, informa Finguerut.

“Com a demanda mundial chegando aos 100 bilhões de litros de etanol, precisamos saber se o Brasil estará apto para atender esse mercado. Acredito que é possível se criarmos esforços conjuntos para isso”, afirma Carmo. Ele defende que para atender a necessidade mundial será preciso expandir o cultivo de cana em 47,5 milhões de hectares (ou 22% das áreas de pastagens) disponíveis hoje. “De acordo com a Embrapa, possuímos 90 milhões de hectares de áreas agricultáveis disponíveis no país; então, é possível expandir a produção sem ocupar florestas e outras áreas de proteção ambiental nem substituir culturas já plantadas”, conclui.

(Por Sabrina Domingos, CarbonoBrasil, 29/06/2008) 

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