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arvores transgênicas ctnbio
2008-06-30

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou recentemente os experimentos com eucalipto transgênico. Até então, somente a pesquisa e a comercialização de grãos tinham sido aprovados pelo órgão. Além do perigo de se produzir uma árvore transgênica, que possui grau de contaminação muito mais alto do que os grãos, ainda há a falta de regulamentação e de controle das pesquisas e da comercialização dos geneticamente modificados.

A pesquisadora Gabriela Vuolo, integrante da organização não-governamental Greenpeace, avalia que a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) tem sido irresponsável no seu papel de regulamentação do setor e, o governo omisso, já que não cobra transparência dos resultados.

Qual é a diferença entre o eucalipto comum e o transgênico?
O eucalipto transgênico é aquele que recebeu algum outro gen. Retomando o caso da soja transgênica, recebeu o gen de uma bactéria para se tornar resistente a um determinado agrotóxico. Os eucaliptos transgênicos que estão em experimento no Brasil têm dois tipos de características: ou são resistentes a agrotóxicos ou foram modificados para produzirem uma madeira diferenciada, com maior teor de celulose. São indústrias do setor de madeira e de papel que estão interessadas em uma maior produção de madeira e de celulose. São essas indústrias que estão investindo mais nas experiências com eucalipto transgênico.

Que danos a espécie pode trazer ao meio ambiente?
Com relação aos danos com o meio ambiente, os danos ou os riscos em potencial das árvores transgênicas em geral são sempre muito maiores do que as culturas anuais, como soja, milho, algodão. Porque a gente está falando de árvores, que vivem muito mais tempo. Então são 20,30 anos, às vezes muito mais do que isso, dependendo da espécie, então os riscos ficam presentes no meio ambiente por muito mais tempo. E a gente está falando de espécies que são não domesticadas. O ser humano aprendeu a lidar com elas, não são espécies selvagens que se cruzam facilmente etc. No caso das árvores isso não existe, elas têm um mecanismo de reprodução assexuada. Então os danos ao meio ambiente são ainda maiores.  

O eucalipto transgênico pode gerar malefícios à população?
Com relação à população, não existe nenhum estudo específico relacionado aos danos da saúde pelas árvores transgênicas. mas o fato de fato de não existirem estudos não significa que não exista nenhum risco, pelo contrário, é falta de conhecimento. A comunidade científica ainda não tem um conceito sobre a segurança desses organismos para os seres humanos. E muito menos para os animais silvestres. Enquanto isso, o que o Greenpeace defende é o princípio da precaução, que diz que enquanto não há segurança dessas aplicações elas não devem ser liberadas no meio ambiente. Nem para pesquisa.

Defensores do eucalipto transgênico afirmam que ele contribui no seqüestro de carbono. Como avalias isso?
É muito complicado, porque uma mata nativa também pode. Então não é porque você vai plantar eucalipto transgênico que se está evitando mais emissões [de gás carbônico] do que uma mata nativa. Não é por aí. E ainda tem a questão do eucalipto ser transgênico, quer dizer, 'resolve' um problema e cria outro? Essa certamente não é a solução.

Outros países também já pesquisam o eucalipto transgênico. Tens notícias sobre os experimentos?
Não, porque o problema é que não existe plantio comercial de eucalipto transgênico em nenhum outro país do mundo. Está proibido pela Convenção da Diversidade Biológica. O que existem são experimentos em alguns países, como no Brasil. No entanto, aqui no país os experimentos não estão controlados. A CTNBio [Comissão Técnica Nacional de Biossegurança] libera os experimentos, mas depois não há uma verificação. Ou pelo menos se há, ela não é publicada. Tanto no site quanto na secretaria executiva da comissão você não consegue encontrar como terminou aquele experimento, no que resultou, se teve danos ou não. Ou seja, não existe nenhum tipo de volta à sociedade sobre esses experimentos que estão sendo feitos. E eles estão aumentando em número cada vez mais, até mesmo pelo próprio interesse das empresas, e não existe nenhum controle. A CTNBio se reúne uma vez por mês mas não existe controle sobre os experimentos que estão sendo feitos.

Como avalias o trabalho da CTNBio?
É uma coisa muito séria, não somente no caso dos eucaliptos, mas também de todas as culturas. Como você libera um experimento, você tem que avaliar o resultado no final. Então, não porque você fazer um experimento se não tem avaliação de resultados no final: se houve dano, se houve impacto. Não é só experimento agronômico, tem que fazer experimento de meio ambiente, se houve impacto ou não, no solo. Se isso é acompanhado, não é reportado à sociedade. Quem assiste às reuniões da CTNBio sabe que eles não discutem isso nas reuniões. Então para onde vão os resultados?

Como mudar essa falta de transparência sobre os transgênicos no Brasil?
Tem que haver uma maior seriedade por parte da comissão, eles são todos cientistas, deveriam realmente se preocupar com avaliação de resultados. O governo deveria acompanhar mais de perto o trabalho da comissão, afinal de contas tem vários representantes do governo nessa comissão. E a população tem que se informar, porque enquanto não se informa continua acontecendo. À medida que a população se informa e pressiona para que esse trabalho seja feito de maneira séria, as coisas começam a mudar.

(Por Raquel Casiraghi, Agencia Chasque, 27/06/2008)


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