Divergências técnicas podem restringir os planos de crescimento do plantio da cana-de-açúcar no Estado. Enquanto projeções estaduais indicam que seria possível produzir cana em 300 mil hectares, o Ministério da Agricultura aponta como factível uma área de 200 mil hectares.
As condições climáticas são o ponto de discórdia. Após uma reunião ontem, na Capital, o governo federal garantiu que irá ajustar o foco com base em informações estaduais. O mapeamento será base para o zoneamento agroclimático da cana em elaboração pelo governo federal para todos os Estados do país e que fica pronto no final do mês de julho.
O frio acentuado que pode afetar a produtividade da gramínea é o principal gerador da restrição, de acordo com o secretário de Agroenergia do Ministério da Agricultura, Manoel Bertoni. Mas ele acredita que o problema pode ser resolvido com o desenvolvimento de variedades mais adaptadas ao clima gaúcho:
- Apresentamos um levantamento preliminar. O Rio Grande do Sul tem boa topografia e solo, mas o clima precisa ser melhor analisado.
Cultivo é alternativa para agricultores familiares
Com o objetivo de garantir rendimento satisfatório mesmo em áreas com temperatura mais frias, a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) selecionou e distribuiu 23 variedades para teste em 33 locais do Estado. Os experimentos indicam produtividade entre 80 toneladas por hectare e 150 toneladas por hectare, assegura Wilson Caetano, pesquisador da fundação.
A média estadual de produtividade nos 35 mil hectares cultivados hoje não ultrapassa 35 toneladas por hectare ante a meta de 80. Mas o pesquisador Jaime Maluf, também da Fepagro, ressalta que apenas 10 mil hectares são cultivos comerciais.
Preocupado com o risco de exclusão do Rio Grande do Sul do zoneamento, o deputado Heitor Schuch (PSB), relator da subcomissão da Cana-de-Açúcar, Álcool e Etanol, diz que a cana pode ser alternativa em áreas de produção de fumo, destinadas à agricultura familiar.
O coordenador geral de Açúcar e Álcool do Ministério da Agricultura, Cid Caldas, deixou claro que o zoneamento só indica áreas, períodos de plantio e variedades propícias. Quem não estiver enquadrado não terá direito a financiamento público nem seguro.
(Por Patricia Meira, Zero Hora, 28/06/2008)