As aves fogem do frio nas regiões geladas do planeta e vêm em busca de refúgio no calor dos trópicos. Na costa brasileira, elas comem e descansam para repor as energias e seguir viagem até a Patagônia, no extremo-sul do planeta.
As florestas e bancos de areia no Golfo do Maranhão servem de escala tanto na ida como na volta, de uma longa viagem entre os continentes, até o retorno para o Ártico, onde acontece a reprodução.
“Nós temos por volta de meio milhão de hectares de manguezais. Isso permite que haja minhocas de praia e minhocas como alimento para os maçaricos e caranguejos, para o guará e muitos peixes para as garças”, explica o biólogo Carlos Martinez.
Um censo feito por biólogos da Universidade Federal do Maranhão revelou que a população de maçaricos está diminuindo a cada ano. As alterações nos ambientes aquáticos em toda a costa norte do Brasil se tornaram uma ameaça à migração das aves. A população do maçarico-de-peito-vermeho, por exemplo, já foi reduzida a menos de 20%, um alerta para o futuro da espécie.
“Na patagônia, no Maranhão, na Baía Delaware, que é a área onde elas descansam para vir para a América do Sul, já é comprovado que o maçarico-de-peito-vermelho está, de fato, diminuindo de população”, enumera a bióloga Laís de Moraes.
O corte dos manguezais, a exploração sem controle de mariscos, a especulação imobiliária estão mexendo com os hábitos das aves.
“Essas aves elas são fiéis aos sítios de invernada. Havendo a mudança, elas chegando num local e não encontrando o local apropriado elas vão ter que se deslocar para outras áreas”, explica a bióloga Dorinny Lisboa.
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Bom Dia Brasil, TV Globo, 26/06/2008)