Um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgado nesta quinta-feira (26) afirma que 10% dos problemas gerados por doenças no mundo todo poderiam ser evitados com melhorias no sistema de fornecimento de água potável, saneamento, higiene e gerenciamento de recursos hídricos.
A estimativa de impacto na saúde global é baseada em dados como o número de casos de diarréia, tracoma e infecções intestinais causadas por parasitas em 192 países.
"Um décimo do fardo global gerado por doenças pode ser evitado ao alcançarmos melhoramentos na forma como gerenciamos a água", escreveu Maria Neira, diretora do setor de Saúde Pública e Desenvolvimento da OMS, no prefácio do documento Safer Water for Better Health ("Água Segura para uma Saúde Melhor", em tradução livre).
"Já foi provado que soluções sustentáveis e com boa relação de custo podem diminuir este fardo."
"São necessárias ações para garantir que (estas soluções) sejam implementadas e sustentadas no mundo todo e, especialmente, para o benefício da população mais afetada - crianças nos países em desenvolvimento", acrescentou.
Doenças - No caso da diarréia, segundo o relatório da OMS, 88% dos casos no mundo todo podem ser atribuídos à água não potável, ao saneamento inadequado ou à higiene insuficiente.
Estes casos resultam em 1,5 milhões de mortes a cada ano, a maioria delas de crianças. Segundo a OMS, na categoria diarréia estão incluídas doenças mais graves como cólera, tifóide e disenteria.
A organização também afirma em seu relatório que o peso abaixo do normal na infância causa cerca de 35% de todas as mortes de crianças abaixo de cinco anos no mundo todo.
Segundo a OMS estima-se que 50% destes casos de desnutrição ou peso abaixo do normal estão relacionados a casos repetidos de diarréia ou infecções intestinais causadas por parasitas, como resultado de saneamento inadequado ou higiene insuficiente.
O número total de mortes causadas direta e indiretamente por desnutrição induzida por esses fatores chega a 860 mil por ano em crianças com menos de cinco anos.
Segundo o levantamento feito pela OMS em 192 países, no Brasil as mortes causadas por problemas relacionados à água, saneamento e higiene chegaram a 28,7 a cada mil, 2,3% do total de mortes no país em 2002.
No Iraque, por exemplo, a população é menor, então o número de mortes é de 22,8 em cada mil, 10,7% do total de mortes no país.
No Canadá, foi registrada 0,5 morte a cada mil, um índice de 0,2% do total de mortes no país em 2002.
Estadão Online,
Ambiente Brasil, 27/06/2008)