Com humor e dados, ambientalistas vão trabalhar para evitar o avanço dos ruralistas no Congresso. A idéia é acompanhar a atuação dos 513 deputados e 81 senadores no Congresso Nacional ao longo deste ano. O ranking vai pontuar de 0 a 10 a forma como cada um deles se manifesta em relação aos temas ambientais. Aos vitoriosos, será concedido o troféu "motosserra" --símbolo da agressão ao meio ambiente. Mas os comandos das ONGs (organizações não-governamentais) ambientalistas avisam que não vão partir para a guerra.
"A idéia não é apontar o dedo, mas é estimular que todos venham para a legalidade", afirmou Mário Mantovani, da SOS Mata Atlântica. "Não queremos guerra nem embate. A idéia é não é dizer 'amigo ou inimigo do meio ambiente'. Mas buscar a redução da ilegalidade", disse ele.
No ano passado, as ONGs elegeram simbolicamente o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), como o detentor do troféu "motosserra de ouro". No começo do mês, Maggi disse que os números de desmatamento na Amazônia, por exemplo, "criam muito alarde", dando a entender que há um exagero nos dados --depois do Mato Grosso ser apontado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) como um dos líderes no ranking do desmatamento no país.
Na semana passada, os representantes de várias ONGs (organizações não-governamentais), como SOS Mata Atlântica, WWF e Greenpeace, entre outras, estiveram reunidos com os deputados da Frente Parlamentar em Defesa do Meio Ambiente, em Brasília. Na ocasião, acertaram como seria executada a ação para bloquear o avanço dos ruralistas.
Parlamentares e ambientalistas temem que o avanço de propostas, como a que trata da concessão de benefícios para produtores rurais que não seguem normas ambientais, avancem sua tramitação no Congresso.
Durante a reunião, os deputados apelaram aos dirigentes das entidades para que atuem no alerta sobre os riscos que essas propostas podem provocar ao meio ambiente.
Paralelamente, os representantes das ONGs resolveram intensificar a campanha no Congresso de esclarecimentos de medidas que estão em discussão na Câmara e no Senado.
(Por Renata Giaraldi e Gabriela Guerreiro, Folha Online, 26/06/2008)