As variações climáticas extremas, como as secas e as inundações causadas pelo aquecimento global, podem criar condições para epidemias de doenças entre animais e seres humanos. Em um estudo divulgado nesta quinta-feira (26) pela revista "Public Library of Science", os cientistas dizem que, devido a esses extremos, muitas doenças toleradas individualmente podem se transformar em epidemias mortais para os animais, incluindo o homem.
Segundo os cientistas das Universidades de Minnesota, da Califórnia e de Illinois, essas condições podem alterar a relação normal entre o patógeno e o receptor. A base dessa conclusão está em uma análise de focos de cinomose canina, ocorridos em 1994 e 2001, que causaram a morte de um grande número de leões no parque Serengeti e na Cratera de Ngorongoro, na Tanzânia.
Até então, essa doença tinha afetado periodicamente os ecossistemas da região, mas sem causar a morte desses animais. No entanto, os focos de 1994 e 2001 foram precedidos de condições de seca extrema que debilitaram a população de um tipo de búfalo, alimento principal dos leões.
Por causa do seu virtual estado de inanição, os búfalos foram atacados pelos carrapatos cujos parasitas, entre eles o vírus da cinomose, entraram na corrente sangüínea dos leões. Esse vírus neutralizou o sistema imunológico dos animais e causou uma enorme mortandade entre eles.
Segundo os cientistas, em 1994 a população de leões diminuiu 35% devido à infecção e o mesmo ocorreu em Ngorongoro, em 2001. "O estudo ilustra a forma como os fatores ecológicos podem produzir fenômenos de mortandade sem precedentes, e sugere que as infecções são a causa principal da maioria dos casos de morte em grande número que ocorrem na natureza", disse Craig Packer, professor de Ecologia, Evolução e Comportamento na Universidade de Minnesota.
(Efe, Folha Online, 26/06/2008)