O Caderno Ambiente, do Jornal Zero Hora, desafiou uma família gaúcha a guardar todas as sacolas plásticas recebidas em um mês e comprovou: uma sacola parece inofensiva, mas o acúmulo delas é preocupante
No supermercado, na farmácia, na locadora, na fruteira da esquina - a sacola plástica está por todo lado. Ao mesmo tempo que traz praticidade, porém, o plástico carrega um problema ambiental, pois leva centenas de anos para se decompor. Uma sacolinha parece inofensiva, mas as pessoas não se dão conta do impacto do acúmulo delas na natureza.
O Ambiente quis saber qual é o tamanho dessa encrenca em um lar gaúcho. Essa tarefa coube à família Zanotta, de Rio Grande. A pedido de Zero Hora, os pais José Luiz Juliano Zanotta e Maria Tereza Barros Zanotta e os filhos Danilo e Guilherme juntaram por um mês todas as sacolas plásticas recebidas, de qualquer que fosse o estabelecimento. A proposta foi especialmente difícil para os Zanotta. Eles já cultivam o hábito de utilizar ecobags - sacolas de pano ou papel - e caixas para evitar o plástico durante as compras.
Depois da experiência, deu até para se esconder debaixo de tanto plástico - a família Zanotta recolheu, ao todo, 169 sacolas. Mesmo usando parte desse material como saco de lixo - prática comum nos lares brasileiros - , muito acaba sem utilização. Pior: algumas sacolas distribuídas são frágeis e acabam rasgando. Resultado? São descartadas em aterros sanitários, nas ruas e nas águas.
Em média, cada brasileiro recebe 66 sacolas de plástico por mês
O número de sacolas recolhidas pelos Zanotta - 42,25 por pessoa - é até baixa em comparação à média do Brasil. Estima-se que cada brasileiro receba 66 sacolas plásticas mensalmente. Por aqui, 1 bilhão são distribuídas em supermercados a cada mês. No mundo, são produzidas 500 bilhões por ano.
Os quatro juntaram sacolas de todos os tipos: da farmácia, da locadora, de lojas. O sistema da família Zanotta para evitar o plástico é simples: são usadas três caixas, duas para alimentos e uma para produtos de limpeza. Elas cabem no porta-malas do carro e facilitam na hora de guardar as compras, segundo Maria Tereza. Como a família tinha essa cultura, a experiência chamou a atenção dos demais.
- É complicado entender o significado de uma sacola. Na farmácia, por exemplo, se compra um envelope e já vem uma sacola - critica a mãe.
Terminado o período de um mês, a sensação da família foi de alívio por voltar às caixas e sacolas de pano.
- Já podemos parar então? - perguntou José Luiz, contente.
(Zero Hora, 26/06/2008)