A diplomacia brasileira ameaçou recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio) numa tentativa de derrubar um projeto de lei que reduziria a vantagem ambiental dos biocombustíveis na União Européia, conforme relata Marcelo Ninio, correspondente da Folha em Genebra, em reportagem publicada na edição desta quarta-feira .
O projeto de lei, que está em estudo no Parlamento Europeu, cria uma taxa sobre o "uso da terra", com base numa idéia polêmica: a de que mesmo os biocombustíveis mais "verdes" provocam dano ambiental indireto, pois forçam o deslocamento de plantações e, nos piores casos, causam desmatamento. É exatamente a idéia que o Brasil tenta combater nos fóruns internacionais.
Os biocombustíveis são hoje o grande "cavalo de batalha" do governo brasileiro em nível internacional. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em suas viagens internacionais, têm procurado não deixar sem resposta às principais críticas sobre a produção de álcool a partir da cana-de-açúcar.
"[O] Brasil tem tecnologia de produção de um combustível que é o álcool, que emite menos gás carbônico do que os outros combustíveis. E era importante dizer isso porque tem uma verdadeira guerra comercial", afirmou o presidente, numa referência a sua participação na cúpula da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), em Roma, no início de junho.
As críticas aos biocombustíveis se estendem desde o campo econômico até a área ambiental. No final de abril, O relator da ONU (Organização das Nações Unidas) para o Direito à Alimentação, Jean Ziegler, chegou a afirmar que a alta dos alimentos se devia à transformação de alimentos em biocombustíveis e a especulação financeira.
(Folha Online,
FGV, 25/06/2008)