Seria lançado ontem (25), em Porto Velho (RO), o livro "Águas Turvas: alertas sobre as conseqüências de barrar o maior afluente do Amazonas". A publicação apresenta as principais contradições do Complexo Hidrelétrico e Hidroviário do Rio Madeira, além de questões ainda não respondidas com relação à sua viabilidade socioambiental. Os artigos pretendem servir de instrumento para aqueles que buscam compreender melhor o histórico do projeto e suas implicações para a região Amazônica.
O evento de lançamento, organizado por Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, acontecerá no Hotel Vila Rica, com apresentação de Glenn Switkes, diretor para América Latina da ONG International Rivers e organizador do livro, e contará também com uma mesa redonda de especialistas e atingidos pela construção do empreendimento.
Zuleica Castilhos vai expor os riscos para a população da região com o aumento da concentração de mercúrio nos peixes do Madeira, que são a base de sua alimentação. Autora de um dos capítulos de Águas Turvas, Castilhos é doutora em Geociências (Geoquímica) e pesquisadora do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) do Ministério de Ciência e Tecnologia.
Já Carolina Diniz, advogada de Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, discutirá a ilegalidade do processo de licenciamento ambiental e o que está sendo feito em termos jurídicos para garantir os direitos das populações afetadas e a proteção ao meio ambiente. A entidade entrou com duas Ações Civis Públicas e aguarda o trâmite dos processos na Justiça Federal de Rondônia. Neste mês, a Justiça Federal do Maranhão paralisou as obras da usina de Estreito, na divisa do Tocantins com o Maranhão, cujos problemas de licenciamento eram muito semelhantes aos do Madeira.
Por sua vez, o representante da Comunidade Ribeirinha São Domingos, José Riqueta, denunciará a pressão que vem recebendo do consórcio Madeira Energia S.A. para deixarem seus lotes, mesmo antes da empresa receber a licença de instalação do empreendimento. São Domingos fica no local de construção do canteiro de obras da usina de Santo Antônio. Além de Riqueta, representantes de grupos indígenas afetados também colocarão suas opiniões.
LivroA iniciativa de publicação do livro é da ONG Centro de Informação Bancária (BIC), como parte de uma série de estudos do seu programa BICECA (sigla em inglês de Construindo Incidência Cívica Informada para a Conservação da Amazônia Andina). O apoio financeiro para a publicação foi proporcionado pela Fundação Gordon e Betty Moore, Fuundação Kendeda, Fundo Blue Moon e Fundação Ford.
International Rivers coordenou a elaboração dos estudos de caso. Os artigos foram escritos por especialistas de renomadas instituições brasileiras e estrangeiras, tais como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Universidade Yale (EUA), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Mayor de San Andrés (Bolívia), entre outros.
O livro seria distribuído gratuitamente no evento e posteriormente disponibilizado em versão digital na internet.
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Amazonia.org.br, 25/06/2008)