O presidente da mineradora Vale, Roger Agnelli, garantiu que os países emergentes e a Europa conseguirão manter o atual nível de demanda de minério de ferro, a despeito da possibilidade de desaceleração econômica global.
A demanda aquecida, segundo ele, conseguirá manter por mais alguma tempo o atual preço do minério.
"A Ásia é o grande mercado que puxa a demanda mundial, a Europa também continua com demanda forte e firme. O Brasil também tem demanda, continua crescendo pouco, mas está crescendo", disse o executivo em evento, em São Paulo, sobre responsabilidade social e direitos humanos.
Sobre a possibilidade de tornar o minério de ferro uma commodity, o que padronizaria seus preços, Agnelli disse que a dinâmica do setor tem outro funcionamento, em que os preços são negociados de acordo com o comprador.
"Há idéias de criar índices [de reajuste], mas é complicado. A cadeia produtiva do minério, inclusive siderúrgica, possui contratos anuais com os clientes."
Os recentes aumentos de preços do minério "compensam fortemente" a inflação global. Porém, Agnelli reclamou que mesmo com os reajustes, os custos estão subindo fortemente, o que afeta o desempenho da empresa. Ele citou, principalmente, o custo com combustíveis.
Aquisições
Questionado sobre a possibilidade de novas aquisições, Agnelli disse que não há nada em vista. "Não estamos fazendo nada, e se estivermos fazendo, não posso falar. a CVM [Comissão de Valores Mobiliários] me puxa a orelha, então não falo mais nada. Estou quieto agora."
Na semana passada, jornal britânico "The Observer" publicou que a Vale estudava fazer uma proposta de compra da mineradora Anglo American. No início do ano, a Vale também fez ofertas para tentar comprar a Xstrata.
As especulações sobre novas compras da Vale vêm em um momento em que o setor de mineração lidera os negócios de fusões e aquisições.
(Por Ygor Salles, Folha Online, 24/06/2008)