A Amazônia ocupa mais de 50% do território brasileiro, mas ainda é uma ilustre desconhecida da maior parte dos brasileiros, mesmo alguns que vivem na própria Amazônia. Esta semana, em Santarém, no Oeste do Pará, estudantes de jornalismo do Nordeste e da própria cidade estão reunidos com especialistas em Amazônia e jornalistas já habituados a cobrir a região, trabalhar os conceitos e ter uma visão da realidade da região. Este projeto, que trouxe a Santarém cerca de 30 estudantes e profissionais, está sendo realizado pela ong Saúde e Alegria, que atua em projetos de desenvolvimento local, e a Fundação Konrard Adenauer, uma instituição alemã que trabalha pelo fortalecimento da mídia em países em desenvolvimento.
O objetivo do encontro é mostrar que a Amazônia, com uma população de 24 milhões de pessoas e mais da metade do Brasil, é um território com desafios maiores do que simplesmente o desmatamento. Para Caetano Scannavino, do Saúde e Alegria, é comum nativos da região, principalmente aqueles que vêm de comunidades ribeirinhas, esconder sua origem. “Existe um problema de auto-estima em relação a ser amazonense”, diz. Para ele este também é um obstáculo para a construção de modelos de desenvolvimento sustentável para a região.
Empresas e ongs atuam nos diversos estados da Amazônia e todas buscam modelos para levar sua visão de desenvolvimento para a região, muitas vezes (na maioria) sem levar em conta os desejos da população local. A importação dos modelos de desenvolvimento utilizados no Sul/Sudeste é o que está levando a índices de desmatamento recordes. A maior parte dos investimentos que levam ao desmatamento é feita por empresários que vieram dos estados do Sul/Sudeste e com modelos que “deram certo” em seus Estados.
Caetano Scannavino alertou que muitos chegam com a intenção de fazer as coisas dentro da lei. Fazem seu planejamento e vem fazer os investimentos. No entanto, quando chegam aqui descobrem que a ilegalidade é a norma na Amazônia e não conseguem competir com os madeireiros e produtores que não recolhem impostos e trabalham sem licenciamento. “Ou quebram, ou mudam de lado”, diz Caetano.
Os estudante presentes em Santarém vieram principalmente do Maranhão, Piauí e Ceará, onde os problemas da cobertura jornalística sobre meio ambiente são outros, mas também desafiadores. No Piauí existe o avanço de carvoeiros e produtores de soja sobre o remanescente de cerrado.
(Por Adalberto Wodianer Marcondes,
da Envolverde, 25/06/2008)