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passivos da energia atômica
2008-06-25

Vinte ativistas do Greenpeace interromperam na manhã desta terça-feira o reinício das obras do Reator Pressurizado Europeu (EPR, na sigla em inglês), em Flamanville, bloqueando a entrada de três minas que fornecem areia e cascalho para a construção. A ação foi realizada porque nenhum dos problemas de segurança que obrigaram a paralisação da obra em maio foram resolvidos pelos responsáveis pelo projeto.

Os ativistas do Greenpeace usaram correntes, cadeados e barris para bloquear a entrada das minas em Montegourg, Lieusaint e Doville, na Normandia, e abriu faixas denunciando a usina de Flamanville como grande farsa. O EPR francês, que promete ser mais seguro, confiável e barato que os reatores construídos antes, tem enfrentando uma série de problemas de segurança e aumento dos custos. No dia 21 de maio, a Agência de Segurança Nuclear Francesa ordenou a interrupção na construção de Flamanville 3 após a descoberta de problemas crônicos afetando a qualidade da obra desde que o projeto foi iniciado em dezembro de 2007.

"Não concordamos com a retomada das obras, principalmente devido à qualidade do concreto usado nas fundações do reator, que foi questionada pela Agência de Segurança Nuclear. Também queremos denunciar a farsa que a Areva e a Electricité de France (EDF) estão promovendo. O cronograma e o orçamento que a Areva e a EDF apresentaram são completamente irreais", afirma Yannick Rousselet, da campanha de Nuclear do Greenpeace França.

Apesar de não ter conseguido resolver os problemas da obra, a EDF foi autorizada no dia 19 de junho a retomar as obras.

"A Agência de Segurança Nuclear, que ao ordenar a paralisação das obras do reator provou ser séria em seu papel de garantir a segurança, não deveria ter autorizado a retomada dos trabalhos em tais condições", diz Rousselet.

O que está acontecendo na França e na Finlândia, dois países europeus com parques nucleares consolidados, mostra que a indústria nuclear não superou os problemas de custos e segurança que são sua marca registrada há 60 anos", disse Rebeca Lerer, da campanha de energia do Greenpeace no Brasil.

"Imagine agora se o governo brasileiro, que quer licenciar Angra 3 e cogita construir outras 4 usinas nucleares em território nacional, terá capacidade de garantir prazos, custos e seguros da indústria nuclear nacional como promovem seus porta-vozes. O setor nuclear brasileiro é obsoleto e defasado, ancorado em idéias e projetos da década de 1970. É simplesmente inacreditável que o governo Lula invista bilhões para ressuscitar esse pacote de problemas. O Brasil não precisa de Angra 3."

Para o Greenpeace, investir recursos públicos em energia nuclear é transformar o dinheiro do cidadão em lixo radioativo, além de desviar o foco das reais soluções para a crise ambiental que o mundo atravessa. O Brasil pode alcançar sua segurança energética estruturando uma matriz em torno de energias renováveis como eólica, solar, co-geração de biomassa e, especialmente, um programa agressivo de economia de energia.


DIRIGÍVEL ANTI-NUCLEAR
Um dirigível do Greenpeace preto e amarelo, de 44 metros de comprimento e com uma mensagem em francês - "Non, Merci!" (não, obrigado) -, sobrevoou nesta terça-feira as obras de construção da usina de Olkiluoto, na Finlândia, para expôr ao público a baixa segurança nuclear e os defeitos do projeto, além do fracasso econômico do reator EPR - semelhante ao de Flamanville, em construção na França.

O Greenpeace está compilando evidências dos problemas de segurança, complicações técnicas, atrasos nas obras e estouros de orçamento dos projetos EPR na Finlândia e na França para alertar outros países sobre os grandes riscos de se investir nesse tipo de reator nuclear.

(Greenpeace, 24/06/2008)


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