Em comunicado divulgado segunda-feira (23/06), a Coordenação e Convergência Nacional Maia, Waqib' kej, formada por diversas entidades indígenas, rechaçou a posição do governo de Álvaro Colom em relação à implantação de uma fábrica de cimento em San Juan Sacatepequez. Segundo a organização, desde outubro do ano passado, há conflitos entre os moradores de San Juan Sacatepequez e as forças de segurança.
"Esses confrontos se devem ao fato de que prevalecem os interesses da Família Novella, que querem construir uma Empresa de Cimentos, a "Progresso", na região, que irá afetar a vida de 12 comunidades indígenas Kaqchikeles. Essas famílias vivem próximo à fazenda San José Ocaña e serão prejudicadas com a passagem constante de veículos pesados nas proximidades das comunidades", disse o comunicado.
As entidades denunciam que o presidente Álvaro Colom está usando recursos do Estado, impostos do povo, para defender os interesses de uma família endinheirada e quer impor a construção da "Progresso" contra a vontade das 12 comunidades Maya Kaqchikel de San Juan Sacatepequez.
Durante a consulta comunitária, realizada em maio de 2007 em 12 comunidades, o resultado foi de 8,936 votos contra e 4 votos a favor. "Efetivamente são 12 comunidades que se opõem à construção da fábrica, e todas elas vivem nas proximidades da fazenda San José Ocaña, lugar onde se pretende construir a fábrica de cimento, mas só tem uma família a favor, a Família Novella", protestam.
A Coordenação responsabiliza o governo por todos os efeitos que o "Estado de Prevenção" signifique. Para ela, enviar mil efetivos militares e mil efetivos policiais para a área não é a solução para o conflito: "O governo está militarizando novamente a sociedade, em uma clara violação aos acordos de Paz, ao convênio 169 e à atual Declaração das Nações Unidas sobre Povos Indígenas, em relação à desmilitarização da sociedade"
Além disso, sobre as consultas, a Coordenação exige o fim do "Estado de Prevenção" e a instalação imediata de uma Mesa de diálogo com as comunidades. "Tem que se escutar diretamente a posição das 12 comunidades, não através de intermediários", finalizam.
(Adital, 24/06/2008)