Pela segunda vez em uma semana, sem-terra sofrem revés

Depois de terem sido retirados de uma área próxima à Fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul, no norte do Estado, na semana passada, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) agora têm prazo para deixar novo acampamento em Sarandi, também no norte gaúcho.

A reintegração de posse foi pedida pela União e determinada pela Justiça Federal segunda-feira. A ordem foi entregue na tarde de ontem aos integrantes do MST que estão acampados às margens do km 139 da rodovia Sarandi-Carazinho (BR-386) desde quarta-feira da semana passada. O grupo, com cerca de 400 pessoas, tem até o final da tarde de sexta-feira para desocupar a área, que pertence à União.

A desocupação já havia sido determinada por decisão judicial anterior, com prazo até a segunda-feira passada. Entretanto, a Justiça prorrogou até sexta-feira o prazo para saída do MST da beira da estrada. De acordo com a decisão do juíz Nórton Luís Benites, da Justiça Federal de Carazinho, a presença do movimento na área pode gerar riscos à circulação na rodovia e aos próprios acampados.

O novo revés, depois do sofrido no dia 17 de junho - quando foram retirados de dois acampamentos em Coqueiros do Sul, no norte do Estado - , deixa os acampados sem destino.

- Vamos tentar reverter esta decisão junto à Justiça. A gente está sendo tratada como animal. Queremos um lugar para ficar - disse um líder do MST, que prefere não ser identificado.

O MST ergueu barracos na área no dia 17 de junho. Eles pretendiam ficar no local até que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) sinalizasse com alguma propriedade rural para o assentamento das famílias que estão à beira da via. Até o início da noite de ontem não havia sido escolhido nenhum lugar para onde as famílias do MST pudessem ser transferidas depois da desocupação, prevista para sexta-feira.

Um dos destinos mais prováveis seria um assentamento do próprio movimento, localizado no interior do município de Sarandi.

(Por Leandro Belles, Zero Hora, 25/06/2008)