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2008-06-24

Ministro do Meio Ambiente afirma que já apreendeu 12,6 mil cabeças de gado criadas ilegalmente em Rondônia e no Pará


O ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente, durante sabatina na tarde de ontem (23) no Teatro Folha


ROMPENDO a tendência de queda dos últimos anos, o desmatamento na Amazônia avançou em 2007 e 2008 e deve atingir 14 mil quilômetros quadrados. A estimativa é do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. "Está acima do ano passado, mas abaixo da média histórica", disse ele, em sabatina da Folha, ao citar os 11,2 mil quilômetros quadrados de 2006-2007. Minc respondeu a perguntas dos editores de Ciência, Claudio Angelo, e Dinheiro, Sérgio Malbergier, dos repórteres Marta Salomon e Ricardo Bonalume Neto e da platéia que assistiu ao evento.

DESMATAMENTO
"O único compromisso é baixar o desmatamento abaixo da média. Mesmo que aumente agora, e acho que vai aumentar. Pegando os números do Deter, que vêm aumentando, fazendo a correlação com o Prodes, que é o desmatamento real, então acho muito difícil este ano fechar menos que 14 mil ou 15 mil quilômetros quadrados. Ainda assim vai estar abaixo da média histórica dos últimos anos. Se não fizemos nada, pode chegar a 20 mil quilômetros quadrados. Várias das medidas terão efeito em médio prazo.
Os próximos meses serão os piores por causa da estiagem. Se pega a série histórica, sempre os piores meses são junho, julho, agosto e setembro. O que quero dizer é, se os números já estavam ruim até maio, a tendência é piorar. Combinamos com o Tarso Genro [ministro da Justiça] para acelerarmos a terceira fase do Arco de Fogo.
O presidente Lula vai assinar decreto criando "Guarda Parque". Cada Estado vai dar 25 bombeiros, para cuidar das unidades de conservação. E os batalhões florestais vão dar 120 guardas para participarem com o Ibama de atividades preventivas. Já falei com os 16 governadores, que toparam, inclusive o Blairo Maggi [Mato Grosso]."

EXTRATIVISMO
"Conseguimos garantir preços mínimos para os produtos extrativistas, que era uma demanda de mais de 15 anos. Tem preço para feijão, soja e milho, mas não tem para castanha, borracha, guaraná, babaçu. E isso é a chance de eles se capitalizarem e não ficarem num miserê absoluto. A gente fala "os extrativistas", mas não têm carteira assinada, décimo terceiro... É uma miséria. Conseguimos aumentar de R$ 50 milhões para R$ 130 milhões os recursos para estruturar produção e comercialização de atividades extrativistas."

FUNDO AMAZÔNIA
"Espero que tenhamos US$ 900 milhões, sendo que a primeira contribuição vai ser da Noruega, de US$ 100 milhões. Esse cheque chega em setembro aqui pelas mãos do primeiro-ministro. Lula deu 60 dias para o grupo de trabalho formatar o Fundo Amazônia. Ele quase não assinava isso, porque achava que algum país poderia dar R$ 10 milhões e achar que é dono. Expliquei que esse fundo é muito mais autônomo e soberano do que o plano do G-7. Os recursos serão administrados pelo BNDES. Serão pessoas do governo federal, da comunidade científica, das ONGs e dos governos da Amazônia."

BOI PIRATA
"Assunto que me levou a várias críticas e gozações, que, como sou uma pessoa de bom humor, levei na maior. Pirata não é o boi, é o dono do boi, a pessoa que usa uma área preservada, uma reserva, não paga pela terra, não paga imposto, não paga nada. Ganha dinheiro criando boi em área devastada ou em área protegida.
Vamos fazer este mês leilão de gado. Nós apreendemos 3.100 cabeças de gado na Terra do Meio, no Pará, e anteontem, 9.500 cabeças de gado em Rondônia. Vão virar churrasco ecológico do Fome Zero."

FISCALIZAÇÃO
"Assinamos com a Abiose, que é a associação dos exportadores de óleo vegetal, portanto, a cabeça do agronegócio. Eles representam 92% de todo o beneficiamento e exportação da soja. Assinamos a prorrogação da moratória da soja. Nas próximas semanas, vamos fazer acordos semelhantes com a Imex, exportadores de madeira, e com os grandes frigoríficos, para que controlem suas cadeias produtivas. Eles têm sido notificados a fornecer em 60 dias uma lista de fornecedores. Quem precisa de carimbo para colocar produto na Europa não vai querer queimar seu filme."

AGRONEGÓCIO
"Acho injusto demonizar o agronegócio. Nessas negociações, eu, ministro, me comprometi a traçar uma linha divisória de quem está na legalidade fundiária e ambiental -e esses apoios terão crédito, estímulo e reconhecimento- e quem está na ilegalidade, transformando a floresta em pasto, carvão e grão -esses vão ter a mão pesada da lei de crimes ambientais."

BLAIRO MAGGI
"Recebi o governador Blairo Maggi no ministério, tratei muito bem, combinei com ele coisas para impedir incêndios, prometi ajuda para o zoneamento, um debate civilizado como tem que ter instâncias federativas. Um ministro não pode apertar o gatilho contra um governador. Não me arrependo das críticas iniciais que fiz contra ele. Foi um meio de marcar posições. Dei-lhe um cafezinho sem estriquinina. Ele pediu aceleramento do zoneamento e que não estigmatizasse os produtores. Ele acha o Arco de Fogo truculento e pediu uma trégua, mas isso eu não podia fazer, senão eu é que seria preso por prevaricação."

USO DA FLORESTA
"Acho que manter a floresta em pé tem várias questões. Primeira é o extrativismo. Uma outra questão é a alternativa, porque fazer gado extensivo na Amazônia com um boi por hectare é a coisa mais improdutiva que existe. Não é o xiismo ecológico versus o desenvolvimento econômico.
É uma preocupação de sermos protagonistas em matéria de pesquisa, bionegócio, bioindústria, que é a fronteira do futuro, versus práticas antieconômicas e predatórias que custam mais do que acrescentam."

ANGRA 3
"Sou um crítico do uso da energia nuclear no Brasil. Acho uma energia cara, que não resolveu a questão dos resíduos e muito concentrada regionalmente. A ministra Marina votou contra na Comissão Nacional de Política Energética e perdeu. Eu votaria igual.
O Ministério Público colocou exigências, mas o processo de licenciamento seguiu e está perto de ser concluído. Não vejo como deter isso, mas já coloquei a questão para o Ibama, que foi nomeado por mim. Vamos impor uma série de questões, como o controle externo da radioatividade. Não é a Eletronuclear que tem que fiscalizar, mas uma universidade."

LICENCIAMENTO
"Uma das razões que me levaram a ser chamado para o Ministério do Meio Ambiente foi meu desempenho no licenciamento ambiental no Rio. Porque nós lá demos licenças rápidas e com rigor.
No caso do Complexo Petroquímico do Rio, a Petrobras achava que ia pegar a licença em um ano e dois meses. Pegou em seis meses. Foi o licenciamento mais rigoroso do país. Terão que plantar 6 milhões de árvores, não poderão jogar nada de efluente na baía da Guanabara e terão que instalar um denitrificador, que reduz 90% das emissões de óxido nitroso.
Já falei com o ministro Edson Lobão (Minas e Energia) e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) que a gente não vai conceder algumas licenças, e as que vamos liberar vão custar pelo menos algumas reservas."

CORRUPÇÃO
"Eu me acostumei a conviver com a biodiversidade. Tive que conviver com muitos deputados na Assembléia Legislativa do Rio, que não é bem o jardim zoológico do Paraíso. Sem vender minha alma ao diabo, consegui aprovar 25 leis. Tinha que negociar, abrir mão de alguns pontos. Todas as leis aprovadas foram modificadas, mas mantiveram o objetivo principal. Depois aprendi que, mais difícil do que aprovar a lei, é fazer com que seja cumprida."

(Folha de S. Paulo, 24/06/2008)


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