Já faz três anos que a comunidade científica elaborou um plano nacional de proteção aos tubarões e raias. A medida mais imediata a ser aplicada em toda a costa brasileira seria a moratória da pesca de tubarões como o cação-anjo e o cação-listrado, duas das espécies mais ameaçadas de extinção.
"Nós entregamos o plano ao governo. Além de medidas gerais, existem recomendações para cada região do litoral", afirma Ricardo Rosa, professor da Universidade Federal da Paraíba e presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo de Elasmobrânquios (grupo das raias e dos tubarões).
De acordo com José Dias, coordenador-geral de Gestão de Recursos Pesqueiros do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), o governo está ciente do problema. "Recebemos esse plano, na verdade, em 2006. Até o ano que vem vamos implementar um plano de gestão e recuperação de todas as espécies ameaçadas", afirmou Dias à Folha.
A lista de reivindicações é extensa. Os pesquisadores também querem que aumente a fiscalização sobre a pesca ilegal e que novas áreas de proteção sejam criadas. Muitos pontos do litoral são berçários.
A questão, segundo Rosa, é também científica. Para o pesquisador, faltam estudos sobre várias das populações que habitam o litoral brasileiro. "Para cada espécie ameaçada são necessários estudos sobre dinâmica populacional e avaliação dos estoques", diz.
Além das pesquisas e das ações legais, Fábio Hazin, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, pede mais organização por parte dos órgãos federais. "Infelizmente, enquanto perdurar no país a divisão da responsabilidade institucional pelo ordenamento dos recursos pesqueiros, será sempre muito difícil avançar."
(Por Eduardo Geraque,
Folha de S.Paulo, 23/06/2008)