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celulose e papel aracruz/vcp/fibria
2008-06-24


Os capixabas terão que ser ouvidos pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no licenciamento da fábrica da Aracruz Celulose anunciada para Governador Valadares, Minas Gerais. Terão que ser ouvidos, pois o Espírito Santo sofrerá impactos ambientais do projeto. Entre outros, a fábrica secará completamente o Rio Doce.

É em função dos impactos que os capixabas sofrerão que o licenciamento da fábrica não poderá ser realizado pelo órgão ambiental do governo mineiro. A fabrica também poluirá a bacia com seus esgotamentos, e exigirá plantios de eucalipto em cerca de 100 mil hectares, até no Espírito Santo.

Segundo Valmir Noventa, um dos coordenadores do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) no Espírito Santo, dos impactos que os capixabas que moram ao longo da bacia do Rio Doce sofrerão, o principal será em relação à água. Por si só, isto exige que o licenciamento seja realizado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O dirigente diz que, mais que os capixabas, a população de Governador Valadares e outras áreas impactadas terão que ser ouvidas. Não só ouvidas, mas suas opiniões terão que ser levadas em consideração. "Só ouvir as comunidades não adianta", destaca Valmir Noventa.

Ele vai além ao apontar que o próprio governo federal, e no caso da fábrica de Minas Gerais, o governo daquele estado, tem que ouvir a sociedade sobre o agronegócio. Assinala que "a preocupação do governo não é com o meio ambiente. A preocupação não é com a produção de alimentos e, sim, a produção de fontes de biocombustíveis".

Ressalta que a parte da Via Campesina para mobilizar a sociedade e discutir a questão da produção dos alimentos e dos biocombustíveis está sendo feita. A Via Campesina é formada pelo MPA e pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Valmir Noventa não descarta a via legal para discussão dos problemas ambientais, mas ressalta a importância da mobilização popular. É o caso da discussão sobre a usina da Aracruz Celulose anunciada para Governador Valadares. Os impactos ambientais serão tão grandes que poderão comprometer a produção de alimentos em toda a bacia do Rio Doce. Para o Espírito Santo então, além da falta de água, haverá o esgotão em que será transformado o Rio Doce no Estado.

Para implantar sua fábrica em Minas Gerais, a Aracruz Celulose já começou a comprar terras em Valadares, Tumiritinga, Conselheiro Pena e Galiléia. O principal impacto dos plantios será o elevado consumo de água, o que decretará a morte do Rio Doce.

(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário, 24/06/2008)

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