A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou na última semana o primeiro pedido para pesquisa com eucalipto transgênico no país. A liberação foi solicitada pela empresa Alellyx e o eucalipto geneticamente modificado será plantado em São Paulo.
O eucalipto transgênico é aquele que recebeu algum gen de uma outra espécie para adquirir uma característica específica. No caso do Brasil, o eucalipto geneticamente modificado beneficia a indústria madeireira e da celulose, porque produz uma madeira com maior teor de celulose.
De acordo com a CTNBio, a pesquisa com o eucalipto transgênico vai durar de sete a dez anos, conforme o seu ciclo, antes de ser liberado para a comercialização. No entanto, a coordenadora da campanha de engenharia genética da entidade ambientalista Greenpeace, Gabriela Vuolo, afirma que os experimentos não são controlados. Depois de aprovar a pesquisa, a CTNBio não realiza nenhuma verificação para saber os seus resultados.
“Os riscos em potencial das árvores transgênicas em geral são sempre muito maiores do que das culturas anuais, como soja, milho, algodão, porque a gente está falando de árvores que vivem muito mais tempo, são 20, 30 anos ou até mais, dependendo da espécie e os riscos ficam presentes no meio ambiente durante muito mais tempo”, diz.
Em relação aos danos à saúde, não existem estudos que comprovem que o eucalipto transgênico não provoca malefícios, explica Gabriela. Por isso, o Greenpeace defende o princípio da precaução: enquanto não há certeza sobre a segurança dessas espécies, elas não devem ser liberadas.
“Não existe nenhum estudo específico relacionado a danos à saúde das árvores transgênicas, mas o fato de não existir nenhum estudo não significa que não existe nenhum risco, pelo contrário, o que existe é falta de conhecimento. A comunidade científica ainda não tem um consenso sobre a segurança desses organismos para os seres humanos e, muito menos, para os animais silvestres”, diz.
(Por Angelo Rech, Agência Chasque, 23/06/2008)