A ministra do Ambiente, Marcela Aguiñaga, junto a autoridades da Direção Geral da Marinha Mercante e do Litoral (Digmer) e da Autoridade Portuária de Porto Bolívar, constatou que 80 hectares de mangue foram desmatados ilegalmente na camaroneira abandonada, localizada no setor de "A Enfermaria", paróquia Jambelí, província de El Oro.
Ao longo dos hectares de mangue desmatados pela empresa Camasure, estima-se uma considerável perda de bosque e espécies nativas do lugar, como conchas, caranguejos e peixes. O lugar é de propriedade da Companhia Camaroneira do Sul Equatoriano (Camasure), que mediante Acordo Interministerial n°62 de 2 de março de 1982, foi entregue à companhia em concessão 121,5 hectares de zona de praia para a produção do crustáceo.
A ministra anulou a licença de Camasure até tomar as medidas legais correspondentes pelo dano ambiental causado nesse setor do Arquipélago de Jambelí e por estender-se a uma área não permitida para a empresa. Mas o administrador da camaroneira, Victor Nagua Sánchez, negou que tenha desmatado ilegalmente o mangue em sua zona de concessão. "Não desmatamos o mangue, ademais, em todas as camaroneiras da província encontrarão restos de vegetação como aqui", manifestou.
Contrário a essa opinião, Nagua afirmou que a empresa utilizou a área desmatada para a produção de camarão, já que "nesse tempo realizávamos os trâmites para que nos permitissem trabalhar legalmente, mas não nos concederam a autorização". Mas essa não é a primeira sanção que recebe essa empresa, já que em 1998 foi denunciada pelos concheiros por queimar um hectare de mangue. Mas, segundo Nagua, eles não tiveram nenhuma responsabilidade.
O subdiretor da Digmer, capitão Daniel Donoso, indicou que continuarão com as inspeções nas camaroneiras, a fim de constatar que não ocorram outras irregularidades como a de Camasure. Segundo Donoso, nos últimos 15 anos cerca de 15 mil hectares de mangue foram desmatados ilegalmente na província de El Oro. Aguiñaga disse que o Ministério se encarregará de reabilitar ou, se for o caso, reflorestar os hectares desmatados, para que a zona retome seu habitat natural. Por isso, serão abertos vários caminhos no muro para que a água do mangue entre no lugar devastado e comece sua regeneração.
Além disso, a ministra refutou as ações que realiza o Ministério Público "já que tem arquivado inumeráveis denúncias de desmatamentos de mangue, sem que até hoje haja uma sentença que determine que uma pessoa seja presa por esse dano ambiental". Segundo o estudo do Centro de Levantamento Integrados de Recursos Naturais por Sensores Remotos, de 1999 a 2006 cerca de 1.326 hectares de mangue foram desmatados ilegalmente em âmbito nacional.
(Por Gabriel Moreira, Telegrafo, Adital, 23/06/2008)