O governo do Estado vai coordenar um grupo de ajuda às cidades que podem ter uma fatia do seu território transferida aos guaranis. Na segunda-feira, reunião na Secretaria de Desenvolvimento Regional de Joinville (SDR) dará a largada para que as prefeituras reúnam documentos para tentar reverter a situação. A idéia é pedir uma área menor para as reservas, em outras regiões.
"O governo questiona a dimensão, a posição e a necessidade de haver quatro reservas. O proprietário é o lado mais frágil da história. Muitas das terras são de produção rural, e as benfeitorias valem muito menos que o terreno onde estão", afirma o gerente de turismo da SDR, Joel Gehlen.
O governo deve encampar uma mobilização política - buscar o apoio de deputados, senadores e ministros para proteger os direitos dos donos. Paralelamente, um laudo técnico e jurídico será elaborado com as prefeituras para rebater o estudo da Funai.
As prefeituras de Araquari, São Francisco do Sul e Balneário Barra do Sul defendem que as reservas vão emperrar o desenvolvimento. "Muitas das áreas são produtivas, com culturas de maracujá, banana e arroz. Uma das terras, ao redor da Estrada do Inferninho, poderia virar uma zona industrial nos próximos dez anos, pelo nosso plano diretor", afirma o vice-prefeito de Araquari, José Paulino Travasso. "O município já é pequeno, tem 110 km². As reservas tomariam quase um terço do território", calcula o secretário de Planejamento de Barra do Sul, Antônio Schiwigel. De acordo com ele, as terras indígenas vão afugentar investidores e destruir as expectativas da cidade com grandes empreendimentos previstos na região.
Segundo Salésio da Rocha Medeiros, presidente da Apis - associação que representa os proprietários - , não parece mais possível reverter o processo, mas há como reduzir a dimensão planejada pela Funai. Nenhuma das empresas contatadas pelo "AN" quis se manifestar individualmente sobre o assunto.
(A Notícia, 22/06/2008)