Animais domésticos sem dono prejudicam fauna nativa e podem transmitir doenças para moradores e turistasA proliferação de cães e gatos na Ilha do Mel, no litoral do estado, preocupa o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que, em parceria com a Universidade Federal do Paraná, iniciou uma campanha gratuita de castração. O temor é que a superpopulação de animais domésticos possa trazer prejuízos para a fauna nativa. Além disso, suspeita-se que os bichos sejam os causadores de doenças de pele que atingem moradores e turistas.
Veterinários e outros profissionais da área de saúde, além de técnicos do IAP, já promoveram palestras educativas nas praias de Brasília e Encantadas, para tentar conscientizar a população. O enfoque principal foi a incidência de doenças transmitidas aos seres humanos por animais. Também foi ressaltada a importância da esterilização de cães e gatos como modo de preservar a biodiversidade da ilha.
Jefferson Luiz Wendling, coordenador do IAP em Curitiba, diz que o projeto visa solucionar um problema encontrado na maioria das praias: a reprodução de animais sem dono. “Quando eles ficam com fome, atacam as aves para ter o que comer. Além disso, ao defecar, podem infectar a areia, pois alguns não são vacinados”, explica. “Por isso é importante este trabalho de parceria entre o IAP e a comunidade local”, conclui.
O esforço do IAP em proteger a biodiversidade da Ilha do Mel já acontece desde 2005, ano em que foi realizado o primeiro grande cadastro de animais domésticos do local. No entanto, parece que ainda levará um tempo para o problema ser resolvido. Só a preocupação com a conscientização dos moradores não tem sido suficiente, pois o controle de entrada de animais na ilha muitas vezes é burlado.
Para um morador da praia de Encantadas que não quis ser identificado, o problema é antigo e de nada adiantará castrar ou cadastrar os animais se não houver uma fiscalização mais eficiente por parte do IAP. “Eu vejo gente todo dia descendo da barca com cachorro e gato escondidos em sacolas. Então, de que adianta castrar a bicharada se a todo momento entram novos animais?”, questiona.
Mas há moradores que pensam diferente. Um deles é o barqueiro Elias da Silva Pereira, de 42 anos. “Já que é para o bem da natureza e para cuidar da saúde das pessoas, vou fazer a minha parte e levar o Tysson (seu cachorro) para castrar”, promete. Segundo ele, a população local deve contribuir com este tipo de programa ambiental. “Apesar de gostar de animais, sei que lugar de cachorro e gato não é mesmo na areia da praia”, reflete.
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Gazeta do Povo, 23/06/2008)