Elas embalam produtos de diferentes naturezas. De eletrônicos, flores, frutas, carnes, produtos de limpeza a químicos e derivados. Estão por toda a parte e circulam nas rodovias brasileiras e em portos e aeronaves com destinos a mercados externos. As caixas de papelão ondulado já são hoje responsáveis por embalar cerca de 90% do que circula de produtos no mundo. Com esse percentual dominante no mercado, são consideradas como as embalagens das embalagens e por isso se configuram como um termômetro que registra os pontos altos e baixos da economia.
Os últimos índices registrados pela Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO) mostraram que o setor acumulou até o mês de maio, vendas na ordem de 934,3 mil toneladas. Apesar do montante apresentar uma queda de 0,6% em relação ao mesmo período no ano passado que chegou a 940,3 mil toneladas, o ritmo desta indústria não pára.
Hoje, o setor congrega 86 empresas, 107 unidades industriais e 146 onduladeiras, o que coloca o Brasil na posição de 9º na produção mundial de papelão ondulado. Segundo o presidente da ABPO, Paulo Sérgio Peres, que presidiu nesta semana uma das mesas de debate do Ecoforum Anave, realizado em São Paulo, o produto tem vantagens competitivas que garantem sua performance em alta. “O papelão é biodegradável, 100% reciclável, tem maior eficácia e compressão por isso agüenta variações de temperatura, além de ser versátil, podendo ser feito sob encomenda, o que não gera estocagem”, comenta.
Durante sua fala no evento, o executivo da ABPO afirmou que o gráfico que mostra como se comporta o mercado de papelão ondulado no Brasil se assemelha a um eletrocardiograma de um enfartado, com constantes oscilações. Mesmo assim, a previsão é que o mercado se mantenha neste ano, com resultados praticamente empatados aos do ano passado.
O faturamento do setor em 2007 foi na ordem de R$ 5,2 milhões, segundo dados da ABPO. De acordo com Patrick Nogueira, diretor da Orsa Embalagens, o destino deste setor é promissor, mas sinaliza que há muito ainda a evoluir. “Hoje, o consumo médio no país é de 12,3 quilogramas por habitante ao ano, enquanto em países da Europa, como na Itália é de 65Kg por habitante ao ano”, comenta. Nogueira diz que apesar de alguns rumores de que o setor é inviável, não está faltando papelão ondulado no Brasil. “Ao contrário, temos um crescimento de 3,5% ao ano, um pouco abaixo do PIB, mas bastante expressivo”, ressalta. Para ele, só esse dado já mostra o quanto o setor é sustentável.
Papel CorretoAlém da atuação econômica, o segmento de papelão ondulado se propaga com “um círculo virtuoso na reciclagem” e ambientalmente responsável. Esse sim, é para o presidente da ABPO, um ativo nobre do papelão ondulado, que hoje é responsável por dois terços da produção de papéis reciclados. “Isso se justifica, porque o papelão é o produto industrial que tem o maior teor de reciclagem em sua composição”, complementa o diretor do Grupo Orsa, Patrick Nogueira.
Para Paulo Sérgio Peres há um outro ponto positivo nas embalagens onduladas brasileiras: elas estão mais leves. “Nos últimos seis anos, a gramatura de nossas embalagens caiu na média de 6%”, coloca manifestando mais um ganho econômicamente correto da atividade. “Isso é uma contribuição importante, quando diminui-se o volume físico, o resultado é: com menos gramatura você transporta mais produtos”, afirma.
Já as desvantagens brasileiras ainda estão em questões tributárias embutidas no chamado custo Brasil. “Nós temos um custo interno muito alto, com mais especificidades para nossas embalagens circularem dentro do território nacional do que as que vão para China”, desabafa Peres. Outro desafio para o setor é vencer os problemas rodoviários. “Quer fazer um teste na qualidade da embalagem? Permita que ela transite pelas rodovias brasileiras, com certeza elas chegam melhor no Japão”, conclui o presidente da ABPO.
(
Celulose Online, 23/06/2008)