A Espanha contou com duas mobilizações que denunciaram as conseqüências dos investimentos do banco Santander na construção das usinas hidrelétricas no rio Madeira. Segundo a Setem, organização espanhola que promoveu as atividades, esses investimentos vão obrigar mais de 5 mil famílias a abandonar suas casas.
Uma das ações aconteceu sábado (21) e reuniu a Junta Geral de Acionistas do Santander em uma reunião com os representantes da sociedade civil. Nela, Annie Yumi Joh, responsável pelas mobilizações da Setem, Luis Novoa, que vive na região próxima às instalações das usinas e Tica Font, da organização Justiça e Paz apresentaram aos acionistas os principais problemas que a construção das hidrelétricas vai causar.
Na quinta-feira (19), ambientalistas e militantes, entre eles representantes da organização da sociedade civil espanhola Setem, reuniram- se com a população local em frente à Bolsa de Valores de Madri para simular um sorteio de ações do Banco Santander, em protesto ao projeto financiado pelo banco para construir as usinas no rio Madeira, em Rondônia.
Intitulada de "Não Com o Meu Dinheiro" (em livre tradução), a manifestação teve o objetivo de mostrar as outras ações que o banco possui. "Queremos apresentar as atividades que o Santander está fazendo no Brasil: obrigar as mais de 5 mil famílias a abandonar seus lares, aumentar os casos de malária e aniquilar os povos indígenas", explica a organização da campanha. Clique aqui e veja o vídeo.
O sorteio foi realizado com atores que simularam ser membros do banco. Um dos ganhadores, com um pacote de mil ações fictícias, foi Novoa. O brasileiro disse que a construção deixará milhares de pessoas sem suas terras e aumentará os casos de malária. Além disso, "a água potável se contaminará com o mercúrio", contou. O projeto, segundo a organização, também colocará em perigo a sobrevivência do peixe-gato e o futuro de 2.400 pescadores da região e suas famílias.
CampanhaAs duas ações fazem parte da campanha "Exija responsabilidade do BBVA e Santander", lançada em março pela Setem que denuncia o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) e o Santander por investirem em projetos que impactam negativamente a região amazônica. "A campanha é resultado de uma ampla pesquisa na qual pudemos investigar as conseqüências de todas as ações financiadas por eles", diz Annie Yumi Joh, coordenadora de campanhas da Setem.
Segundo a Setem, o financiamento por parte do Banco Santander nas usinas do Rio Madeira poderá trazer um aumento de doenças como a malária, a perda do ecossistema e o deslocamento da população que vive na região. "De fato, as empresas do consórcio começaram a desalojar as 5 mil famílias da região afetada, em Rondônia, e marcaram para o dia 30 a data limite para forçar essas famílias a abandonarem suas casas", diz a organização.
Rio MadeiraO plano do complexo prevê a construção das hidrelétricas de Santo Antônio, Jirau, Guajará e Cachoeira Esperança; a construção de eclusas, hidrovias e de uma grande linha de transmissão de energia que vai de Porto Velho até São Paulo.
Segundo a Setem, seria preciso inundar mais de 500 quilômetros quadrados de terras (mais de 50 mil hectares) para a construção das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau. Ganhariam com a construção os donos das barragens e as empreiteiras.
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Amazonia.org.br, 22/06/2008)