A passagem do tufão "Fengshen" pelo arquipélago das Filipinas deixou pelo menos 233 pessoas mortas ou desaparecidas. Neste domingo, 22, também foram procurados os 747 náufragos de um navio que virou por causa de um forte temporal causado pelo tufão, disseram fontes oficiais. Até o final da noite deste domingo, 22, apenas 32 tripulantes haviam sido resgatados com vida.
O número de mortos divulgado pela Cruz Vermelha e pelo Conselho Nacional para a Coordenação de Desastres inclui os corpos de seis passageiros que foram empurrados pelas ondas até a costa do local no qual aconteceu o naufrágio da embarcação, na qual viajavam 747 pessoas, entre elas cerca de 40 crianças. Seis dos ocupantes do navio, propriedade da companhia filipina Sulpicio Lines, foram encontrados mortos no litoral após a maré arrastar coletes salva-vidas, sandálias de plástico e outros objetos procedentes da embarcação.
"Muitos se atiraram ao mar. As ondas eram muito grandes e chovia forte", declarou um dos sobreviventes à rádio de Romblon. A Guarda Costeira perdeu o contato por rádio com a embarcação por volta da meia-noite do sábado, após ele ter zarpado na manhã anterior do porto de Manila com destino à ilha de Cebu, cerca de 600 quilômetros ao sul. "Informaram-me que a embarcação tem um grande buraco na parte central", declarou a prefeita da localidade de San Fernando, Nanette Tansingco, em declarações à rádio "DZBB".
O chefe regional da Guarda Costeira, Cecil Chen, afirmou que a embarcação de 24 toneladas recebeu autorização para levantar âncora pouco antes de o tufão mudar de direção. Por isto, o capitão recebeu ordens de buscar refúgio em algum porto próximo. Caso sejam confirmadas as mortes dos desaparecidos no naufrágio, este será o maior desastre marítimo ocorrido no país desde dezembro de 1987, quando aproximadamente 4.400 pessoas morreram quando um barco naufragou no sul do país após colidir com um petroleiro.
O tenente-general Pedro Inserto, chefe do comando militar regional, disse que os trabalhos de busca dos náufragos da embarcação, que tinha capacidade para transportar 1.900 pessoas, foram prejudicados pela tempestade e pela falta de visibilidade. As províncias mais afetadas pelo "Fengshen" são as de Iloilo, na ilha de Panay - 500 quilômetros ao sul da capital -, e as de Maguindanao e Cotabato, na ilha de Mindanao - cerca de 800 quilômetros ao sul de Manila.
"É o pior desastre que tivemos em nossa história", declarou Neil Tupaz, governador de Iloilo. O secretário de Saúde, Francisco Duque, declarou que, além das 82 mortes causadas por enchentes e deslizamentos, outras 72 pessoas foram dadas como desaparecidas em diferentes províncias. Por outro lado, o senador e presidente da Cruz Vermelha das Filipinas, Richard Gordon, disse que, segundo suas informações, pelo menos 155 pessoas morreram após as chuvas torrenciais que caíram no arquipélago durante os últimos dois dias.
Com ventos de mais de 120 km/h e seqüências de até 195 km/h a tempestade mudou de trajetória de madrugada e se aproximou de Manila, onde arrancou árvores e causou cortes no abastecimento de energia em várias áreas da região metropolitana. O "Fengshen", tufão de maior força da temporada e cujo nome local é Frank, também obrigou cerca de 200 mil pessoas a abandonarem suas casas na região de Bicol, sudeste da ilha de Luzon, embora a maior parte tenha voltado para seus lares poucas horas após o tufão mudar seu rumo.
Com o tufão se aproximando das Filipinas, a presidente do país, Gloria Macapagal Arroyo, viajou no último sábado para os Estados Unidos acompanhada de vários ministros e de aproximadamente 60 congressistas. As enchentes e deslizamentos de terra durante a temporada de chuvas deixam a cada ano dezenas de mortos nas Filipinas. Em 2006, quatro tempestades de intensidade incomum alagaram várias áreas de Luzon e provocaram enchentes que causaram mais de 1.300 mortes e deixaram quase três milhões de desabrigados e meio milhão de casas destruídas.
(Estadao, Ambiente Brasil, 23/06/2008)