O canadense Patrick Moore se tornou “persona non grata” entre os ambientalistas. Na década de 1970, sua carreira na área começou bem promissora: ele foi um dos fundadores do Greenpeace, a organização ambiental que se tornaria uma das mais influentes do mundo. Mas, em 1986, Moore deixou o Greenpeace alegando discordâncias ideológicas. Ele diz que a organização não tem conhecimento para falar com propriedade sobre os assuntos que defende – porque seus líderes não seriam cientistas.
Formado em Biologia Florestal pela Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, onde também cursou o pós-doutorado, Moore abriu sua própria consultoria, a Greenspirit Strategies, e passou a trabalhar com indústrias e governos. Os ambientalistas, porém, não ficaram nenhum um pouco contentes quando ele começou a defender alimentos transgênicos e energia nuclear – que seria uma opção para frear o aquecimento global porque emite menos gás carbônico que fontes fósseis. Hoje, Moore é pago pela associação das indústrias nucleares dos Estados Unidos para explicar para os americanos as vantagens desse tipo de energia.
Mesmo defendendo a energia nuclear como solução para nos salvar do aquecimento global, Moore disse em entrevista a ÉPOCA que, se tivesse de escolher um só tipo de energia para um país, escolheria a hidrelétrica. Perguntado sobre a opção brasileira em investir em uma nova usina nuclear, Angra 3, apesar de todo o potencial hidrelétrico do país, ele respondeu:
“No geral, eu acho que a energia hidrelétrica é a melhor forma de eletricidade: é renovável, você pode ligar e desligar facilmente e por isso dá para acompanhar a necessidade energética do país. Há muito benefícios que a fazem desejável. Por outro lado, também é bom ter um mix de tecnologias no sistema elétrico. Não é bom ter só uma tecnologia. Mas, se eu tivesse que ter só uma, eu escolheria a hidrelétrica.” Nos Estados Unidos, os ambientalistas atacam Moore, chamando-o de lobista da indústria nuclear (título que ele recusa veementemente). Lobista ou não, não é que até ele é fã de energia hidrelétrica?
(Por Marcela Buscato, Blog do Planeta, 21/06/2008)