Em outubro de 1966, uma sementinha foi plantada no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) pelo professor Santo Masiero. Ele queria que a universidade mais importante do interior do Estado tivesse um jardim botânico. Adubando negociações com muita conversa e planejamento de projetos, a idéia foi cultivada durante 15 anos e só germinou em 3 de dezembro de 1981.
O desenvolvimento do espaço foi mais resultado da força de vontade de quem acreditava no jardim botânico do que propriamente da criação de condições favoráveis para que saísse do papel. A área de 13 hectares destinada ao jardim era de um solo empobrecido pelo cultivo de monoculturas. Ainda assim, os fundadores lançaram as sementes na terra.
As que sobreviveram à falta de nutrientes, hoje formam o acervo de 500 espécies vegetais, entre ervas, arbustos e árvores. Na coleção de plantas medicinais, tóxicas ou alimentícias, são 115 espécies. Até agora, são 2.350 exemplares catalogados, mas ainda há muito o que fazer por lá. O diretor do Jardim Botânico, o biólogo Renato Aquino Záquia, conta que placas com identificação e informações dos vegetais estão sendo colocadas em cada item da coleção. O trabalho é lento em função da falta de funcionários e de dinheiro também. O Jardim Botânico da UFSM recebe uma verba anual de cerca de R$ 8 mil.
- Não temos estrutura. São dois funcionários e estudantes bolsistas que ficam aqui, mas não conseguem tomar conta de tudo - diz o biólogo.
Desconhecido por muita gente, o espaço é equivocadamente chamado de horto. Záquia explica que horto é um termo usado para coleções temáticas, como de ervas medicinais, por exemplo. Um jardim botânico pode ter vários hortos, mas vai além disso. O local deve ter a preocupação de registrar as espécies que abriga e garantir sua preservação ali dentro.
No Jardim Botânico da UFSM, a prioridade é a conservação de espécies nativas do Rio Grande do Sul, mas o visitante terá gratas surpresas ao percorrer as três trilhas do lugar. Por lá, também se encontram árvores, arbustos e ervas de diversas origens. Cada uma com sua história à espera de quem quer saber um pouco mais sobre a natureza.
Educação
Órgão suplementar do Centro de Ciências Naturais e Exatas da UFSM, o Jardim Botânico é usado para trabalhos e pesquisas de diversos cursos da universidade, mas não está restrito aos professores e estudantes da instituição. Desde o ano passado, o projeto Alfabetização Ecológica no Jardim Botânico da UFSM: Trilhas e Atividades Lúdicas, desenvolvido pela estudante de Biologia Simone Messina, tem usado o acervo do jardim como matéria-prima para a conscientização ecológica. Os estudantes visitam o local e aprendem a desvendar as maravilhas do meio ambiente.
- Assim como eles aprendem a ler, passam a interpretar as relações que ocorrem na natureza. Por que tal árvore tem espinhos? A formiga tem alguma relação com as árvores? Que relação é essa? Se eu cortar a árvore, o que acontece com a formiguinha? Esses questionamentos geram a consciência ambiental - diz Simone.
(Por Bruna Porciúncula, Diário de Santa Maria, 22/06/2008)