Jovens armados explodiram um oleoduto operado pela empresa norte-americana Chevron, informou um grupo militante no sábado (21/06), reduzindo ainda mais a produção do oitavo maior exportador mundial de petróleo.
O Movimento pela Emancipação do Delta do Níger (Mend, na sigla em inglês) disse que foi contatado por jovens que reivindicaram a responsabilidade pelo ataque de quinta-feira contra o oleoduto Abiteye-Olero. Os militantes elogiaram o ato.
As Forças Armadas disseram que o ataque obstrui a produção de cerca de 120 mil barris de petróleo bruto por dia.
"O fato de a produção ter parado mostra que os danos foram graves", disse o brigadeiro-general Wuyep Rintip, chefe do Força Tarefa do governo no Delta.
Um porta-voz da Chevron confirmou que um de seus oleodutos estava danificado, mas não informou quanto o ataque afetou a produção de petróleo.
Uma onda de ataques no país da África Ocidental cortou a produção em um quinto desde o começo de 2006, alimentando a alta recorde do preço do petróleo em todo o mundo.
O incidente de quinta-feira ocorreu horas depois de outro ataque militante contra a principal plataforma de petróleo da Royal Dutch Shell, cortando a produção da Nigéria em dez por cento.
A crise de violência levou o presidente nigeriano, Umaru Yar'Adua, a ordenar as Forças Armadas do país a reforçaram a segurança no Delta do Níger nesta sexta-feira.
O Mend, que reivindicou a responsabilidade pelo ataque no oleoduto Bonga, da Shell, disse que a ordem de segurança do presidente era "conversa fiada", mas afirmou que o grupo está em pé de guerra.
"O Mend parabeniza os jovens patriotas que estão agora utilizando explosivos mais poderosos e novas técnicas para destruir mais oleodutos no estado do Delta", disse o grupo em um email para a Reuters.
Tensão na comunidade
Uma fonte das forças de segurança disse à Reuters que o oleoduto está localizado em Abiteye, localidade em que membros da comunidade já atacaram oleodutos no passado. Em junho de 2007, jovens armados atacaram uma usina de petróleo na área, forçando a empresa a encerrar a produção de cerca de 42 mil barris de petróleo por dia.
A violência no Delta do Níger é causada por uma série de fatores complexos, incluindo pobreza, falta de serviços básicos, corrupção no governo e nas forças de segurança, ressentimento com as companhias de petróleo estrangeiras e rivalidades políticas.
Yar'Adua assumiu o poder há cerca de um ano, prometendo trazer mais segurança à região do delta, mas o processo de paz está estagnado.
O governo nigeriano realizará uma conferência de paz no Delta do Níger no mês que vem. Mas o Mend e outro grupo rebelde, o conselho da Juventude de Ijaw, disseram que não comparecerão porque perderam a fé no processo de paz do governo.
(Por Randt Fabi e Nick Tattersall, Estadão online, 21/06/2008)