O Centro de Recuperação de Animais Marinhos, do Museu Oceanográfico da Furg, está tratando 11 pingüins de Magalhães, três adultos e oito juvenis, dos quais nove sujos de óleo. As aves foram encontradas a partir do dia 12 deste mês, na beira da praia, em diferentes pontos do litoral, entre São José do Norte e Chuí, e encaminhadas ao Cram. A maioria delas está magra, pesando menos de 2,5 quilos, quando o peso normal seria 3,5 quilos.

O oceanólogo Lauro Barcellos, diretor do Museu Oceanográfico da Furg, acredita que os pingüins tenham sido atingidos pelo derramamento de óleo ocorrido na costa uruguaia no início do mês, em conseqüência de um acidente com dois navios.

Parte da equipe do Cram está em Maldonado, auxiliando na recuperação de 125 animais atingidos pelo óleo derramado de um dos navios, cujo tanque de combustível se rompeu no acidente. Neste período do ano, início de inverno, os pingüins de Magalhães estão fora de suas colônias de reprodução, localizadas na Patagônia e Sul do Chile, em migração para a costa do Brasil em busca de alimento.

Desde o acidente com os dois navios, a equipe do Cram ficou em alerta, preparada para agir em caso de necessidade. Os pingüins em tratamento no Centro de Recuperação de Animais Marinhos estão sendo submetidos a exames de sangue, pesagem, hidratação e alimentação. Após engordarem e se fortalecerem, os que estão contaminados por petróleo serão submetidos a um banho com detergente especial para retirada do óleo das plumagens. Ficarão no Cram até estarem em condições de voltar ao hábitat.

Conforme a oceanóloga Andréa Adornes, do Cram, o petróleo prejudica esses animais, pois interfere na impermeabilização das plumagens, fazendo com que sintam frio. Por isso, ao serem atingidos eles saem da água. Lauro Barcellos disse que o trabalho do Cram de resgate de animais está vinculado à ação de monitoramento do litoral, realizada pela equipe do museu, que conta com apoio da comunidade litorânea, a qual permanentemente comunica as ocorrências de animais na praia e qualquer anomalia.

(Correio do Povo, 22/06/2008)