As águas do Rio Mississippi começaram a baixar neste sábado (21/06), poupando St. Louis de grandes enchentes, mas deixando bilhões de dólares em prejuízos a lavouras, casas e infra-estrutura mais ao norte.
Unidades de emergência observavam o céu ansiosamente, temendo que mais chuvas pudessem aumentar o nível do rio mais uma vez, atrapalhando o trabalho de resgate na pior enchente do Meio-Oeste norte-americano em 15 anos.
Com o pior para trás, as comunidades às margens do Mississippi estavam calculando suas perdas e esperando que as águas baixassem.
"Agora, parece que as coisas estão bem. A fase crítica passou, o que é reconfortante. Estamos suspirando aliviados", disse Blake Roderick, diretor-executivo do Órgão de Fazenda dos condados de Pike e Scott, no Illinois.
O Serviço Nacional de Meteorologia previu pancadas de chuva isoladas em áreas do sul do Wisconsin no sábado.
O nível do rio atingiu o pico em St. Louis a 11,3 metros na sexta-feira (20/06), mais baixo que a previsão anterior e abaixo do recorde de 15,1 metros, de 1993.
Mais de duas dezenas de barreira foram rompidas esta semana, o que reduziu a pressão em áreas mais próximas da desembocadura do rio.
No sábado, não houve rompimento de barreiras e as operações para colocar sacos de areia foram interrompidas em algumas comunidades.
"As águas de St. Louis atingiram o nível máximo. As águas estão ficando a norte daqui", disse John Daves, porta-voz do Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA em St. Louis.
A cerca de 200 quilômetros correnteza abaixo, o rio mais importante dos EUA deverá atingir seu nível máximo em Cape Girardeau, Missouri, na segunda-feira, com 12,6 metros, bem abaixo do recorde de 1993, de 14,8 metros.
Alta nos preços dos alimentos
A cheia e as tempestades do Meio-Oeste, que já causaram 24 mortes desde o fim de maio, representam prejuízos de bilhões de dólares para o cinturão de grãos dos EUA, aumentando ainda mais a pressão no preço dos alimentos em todo o mundo.
As tempestades submergiram pequenas cidades e vastas áreas de plantação de milho e soja. O tráfego de barcas continua interrompido em um trecho de mais de 33 quilômetros no rio Mississippi, custando às transportadoras fluviais milhões de dólares por dia.
"Em uma situação como esta, não sei se choro ou dou risada. Mas no Meio-Oeste, tendemos a favorecer o último", disse Charlotte Hoerr, fazendeira em Palmyra, Missouri.
Mais de dois milhões de hectares de lavoura recém-plantada podem ter sido perdidas no coração do maior exportador mundial de grãos e alimentos. Apenas em Iowa, as perdas das lavouras foram estimadas em 3 bilhões de dólares.
Os preços de milho, e gado suíno e bovino atingiram um recorde esta semana, e a economia mundial, já prejudicada pela inflação da alta dos preços de energia, prepara-se para mais um golpe.
A cidade de East St. Louis, que atravessa uma depressão econômica, parece ter sido poupada de um desastre, e suas barragens mal conservadas estão segurando as águas. Mas ainda existe a apreensão de que as águas se infiltrem sob as barragens ou causem vazamentos.
(Agência Estado, 21/06/2008)