Mohamad El Baradei, diretor-geral da Aiea, (Agência Internacional de Energia Atômica da ONU) disse na sexta-feira (20/06) que renuncia se houver um ataque militar ao Irã, alertando que tal medida iria transformar a região em uma "bola de fogo".
"O que eu vejo no Irã hoje é um perigo atual, grave e urgente. Se um ataque militar for realizado contra o Irã nesse momento (...) me impossibilitaria de continuar meu trabalho", declarou El Baradei em entrevista à rede de TV Al Arabiya.
As declarações de El Baradei foram transmitidas no mesmo dia em que o jornal "New York Times" publicou uma reportagem onde autoridades dos EUA afirmam que Israel realizou um grande exercício militar neste mês, que aparenta ser a simulação de um bombardeio às instalações nucleares do Irã. Segundo o diário, as autoridades de Israel não comentam o exercício.
"Um ataque militar, em minha opinião, seria pior que qualquer coisa possível", afirmou. "Iria transformar a região em uma bola de fogo", acrescentou, enfatizando que um ataque só deixaria a república islâmica mais determinada em obter armas nucleares.
"Se você realizar um ataque militar, fará com que o Irã, se não está já produzindo armas nucleares, lance uma forte incitava para construir armas nucleares com a benção de todos os iranianos, mesmo daqueles no Ocidente."
O Irã afirma que seu programa nuclear tem fins civis e visa a produção de energia. No entanto, potências ocidentais lideradas pelos EUA acreditam que Teerã esteja tentando produzir armas nucleares e pressionam o país com sanções para que ele interrompa o programa.
Ataque
Citando autoridades americanas não identificadas, o "NYT" disse que mais de cem aviões israelenses F-16 e F-15 participaram das manobras no leste do Mediterrâneo e na Grécia na primeira semana de junho.
O jornal disse também que o exercício pareceu ser um esforço para focar em ataques de longa distância e que ilustra a seriedade com que Israel vê o programa nuclear iraniano. O jornal disse que autoridades israelenses não discutiriam o exercício.
Um porta-voz militar israelense disse só que a Força Aérea do país "treina regularmente para várias missões para confrontar e encontrar os desafios colocados pelas ameaças à Israel", de acordo com o "NYT".
Uma autoridade do Pentágono, que o jornal afirma ter recebido informações sobre o exercício, disse que um dos objetivos era praticar táticas de vôo, reabastecimento aéreo e outros detalhes de um possível ataque às instalações nucleares do Irã e a mísseis convencionais de longo alcance.
A fonte, que falou sob a condição de anonimato, disse que o segundo objetivo era enviar uma clara mensagem de que Israel está preparado para agir militarmente se outros esforços para impedir que o Irã produza bombas fracassem.
"Eles querem que nós saibamos, eles querem que os europeus saibam, e eles querem que os iranianos saibam", disse a fonte do Pentágono, de acordo com o jornal. Várias autoridades norte-americanas disseram ao jornal não acreditar que Israel tenha decidido atacar o Irã ou que um ataque deste tipo seja iminente.
(Folha online, 20/06/2008)