O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou ontem (19), durante reunião com a Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI), da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu a ação da Polícia Federal para retirar os arrozeiros da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.
Lula também reclamou da demora no julgamento do STF que decidirá se a demarcação da reserva deve ser em área contínua ou não. O julgamento das ações que contestam a demarcação está previsto para agosto deste ano.
"Tomamos a decisão que era hora de pagar para ver. Vamos tirá-los [arrozeiros que vivem na reserva]. Colocamos a Polícia Federal. Aí veio a decisão da Suprema Corte. Enquanto estiver na Suprema Corte, o presidente da República não pode fazer nada. Só pode esperar", disse Lula, no encontro realizado no Ministério da Justiça.
Ainda segundo Lula, muita gente critica a demarcação para "criar confusão". O governador de Roraima, José Anchieta, é um dos críticos e alega que existe interesse dos Estados Unidos e da Europa na demarcação da reserva.
Diante dos pedidos e das reclamações apresentadas pelos líderes indígenas, Lula cobrou agilidade dos ministros no andamento dos programas governamentais. Segundo ele, isso ocorre, em parte, porque "a máquina não conversa entre si".
"Habitualmente, ouço o companheiro ministro dizer que uma coisa que decidimos fazer há quatro meses não aconteceu, nem sequer a reunião. Isso porque um ministro disse que não pode ir à reunião e o outro está com a agenda apertada", afirmou o presidente, contando que há anos tenta resolver o problema de terra de tribos em Amambai (MS).
Ao citar o caso, Lula disse que já sugeriu até comprar terra para solucionar a questão. "É muita pouca terra para pouca gente". Quatorze ministros participaram da reunião no Ministério da Justiça.
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Agência Brasil, 19/06/2008)