(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
aracruz/vcp/fibria monocultura eucalipto
2008-06-20

O anúncio de novos projetos da Aracruz Celulose em Governador Valadares pode significar a ampliação e conseqüente agravamento do processo de desertificação em marcha no Espírito Santo e a extensão do cinturão da monocultura do eucalipto em solo capixaba. A implantação de um novo pólo de celulose em Minas Gerais pode surgir como a solução para a expansão da monocultura nas faixas de terra antes tidas como antieconômicas. Devido à proximidade com o Estado, esse novo pólo poderá facilmente utilizar novas plantações de eucalipto em solo capixaba, dessa vez em terras ainda não exploradas no norte e noroeste do Estado, além de servir como extensão do atual parque industrial, em Aracruz. A intenção da multinacional foi divulgada na edição desta quinta-feira (19) do jornal "Valor Econômico", na forma de uma matéria que dá como quase certos os novos investimentos, avaliados em até R$ 5 bilhões.

A base do novo projeto deve ser o município de Governadores Valadares, que fica a 324 quilômetros de Belo Horizonte e a 410 quilômetros de Vitória. Está localizado em uma região estratégica: amplas áreas para o plantio de eucalipto e no meio de duas das unidades industriais da companhia, a de Barra do Riacho, no município de Aracruz (ES), e a da Veracel, em Eunapólis (BA).

Apesar da distância, a notícia causa apreensão nos capixabas, pois, apesar de o projeto ser instalado fora das terras capixabas, utiliza como vantagem comparativa a ligação do novo pólo com Portocel, em Barra do Riacho, no município de Aracruz, via Ferrovia Vitória Minas. Com isso, os custos de produção caem vertiginosamente.

A iniciativa da transnacional poderá representar também a ampliação da monocultura do eucalipto em solo capixaba, já que as terras das regiões norte e noroeste do Estado, que ficavam fora de sua alçada, passam a ser alvo do novo pólo. E a explicação é simples.

A questão econômica sempre esteve no foco da Aracruz Celulose, em especial sobre os custos na obtenção de matérias-primas para a produção. No início de suas atividades, na década de 1970, a transnacional não enfrentou problemas com a questão, já que foram adquiridas muitas terras em torno da fábrica, o que facilitava o transporte da madeira até a planta industrial.

No entanto, o intenso uso das terras para a monocultura gerou a desertificação, que empurrou para longe da fábrica os eucaliptais, forçando a empresa a impor uma barreira para os que consideram uma cultura antieconômica, aceitando apenas plantações de eucalipto até um raio de 150 km da fábrica.

Embora o município mineiro fique a quase 300 quilômetros do porto, fator determinante para o escoamento da celulose, a Aracruz poderá tirar proveito da Estrada de Ferro Vitória a Minas, que já é utilizada pela Cenibra, grande fabricante da matéria-prima com sua unidade em Belo Oriente, Minas Gerais.

Esse novo projeto pode permitir que a empresa acabe de uma vez com a limitação e passe a criar o seu cinturão de eucalipto no caminho de Valadares. A explicação é novamente econômica, já que nessas regiões os preços das terras são mais baixos.

Com isso, cidades capixabas como Colatina, Baixo Guandu, Mantenopólis e Alto Rio Novo passam a ser alvos da nova corrida atrás de terras para a monocultura do eucalipto. Em Minas Gerais, cidades próximas da divisa do Estado como Nanuque e Aimorés, também deverão sofrer com as especulações trazidas pelo novo projeto da Aracruz Celulose.

A idéia é criar na região Sudeste um "vale da celulose", com as suas atenções voltadas ao Espírito Santo, onde fica situada a maior fábrica da Aracruz, com 3,1 milhões de toneladas e previsão de chegar a sete milhões de toneladas anuais.

A nova postura dos acionistas do Aracruz é de dobrar a produção de celulose para atender aos mercados aquecidos que precisam da pasta de celulose, em especial o chinês. A pasta é o produto final da produção.

Depois de aprovar a ampliação da fábrica de Guaíba, no Rio Grande do Sul, que começa a operar em 2010, e definir os estudos finais para duplicar até 2012 a unidade da Veracel, no sul da Bahia, a meta agora é a implantação de seu terceiro megacomplexo industrial.

Os executivos da fabricante de celulose já estão negociando os incentivos fiscais com as autoridades mineiras, a exemplo dos que receberam do governo capixaba. Por isso, a expectativa é que o protocolo de investimentos saia até o mês de junho.

Segundo a reportagem, uma fonte do governo mineiro disse que "as negociações estão avançadas e devem ter um desfecho positivo em breve". Com isso, os capixabas já podem se preparar. Vem aí mais uma investida da Aracruz rumo à expansão da monocultura do eucalipto.

(Por Nerter Samora, Século Diário, 20/06/2008)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -