Leonardo Morelli, secretário-geral do grupo de entidades ligados à Defensoria da Água, afirmou na terça-feira (17/06), em entrevista ao Último Segundo, que as grandes indústrias brasileiras tratam as questões ambientais como marketing. No relatório divulgado nesta segunda-feira (16/06) pelos ambientalistas, foi divulgado o ranking das empresas que mais poluem as águas no Brasil.
“Grande parte das indústrias que fazem parte do ranking já respondem a processos na justiça, porém ainda omitem a responsabilidade ambiental. Na verdade, estas grandes empresas tratam a questão sócio-ambiental como marketing”, afirma Morelli.
O ranking, divulgado no relatório "O estado real das águas e da biodiversidade no Brasil", dos maiores poluidores das águas brasileiras é liderado pela Petrobras, seguida pela Shell, Rhodia, CSN, Gerdau e Votorantim.
"Se a Receita Federal estudasse o relatório, perceberia que estas empresas cometem vários crimes de ordem tributária. A nossa ONG oferece treinamento para os agentes da Receita, pois eles precisam perceber que as empresas estão fraudando a própria Receita", enfatiza Morelli.
Futuro sombrio O secretário-geral alerta, dizendo se nada for feito a respeito desse ritmo de contaminação das águas, nos próximos 4 anos 90% das águas superficiais estarão impróprias para o contato humano.
Ao ser questionado sobre o futuro do abastecimento de água no País, Morelli acredita que "a tendência é a demanda muito forte por águas de fontes subterrâneas, porém vêm sendo privatizadas progressivamente. Teremos vários momentos de conflito, como situações de escassez em regiões metropolitanas, como por exemplo, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte."
O relatório O relatório sobre "O estado real das águas e da biodiversidade no Brasil" contém estudos e opiniões de 423 pesquisadores, entre biólogos, geólogos, engenheiros sanitaristas, advogados, juristas, filósofos e teólogos.
Além disso, mais de 800 monitores de campo e cerca de 1.500 colaboradores voluntários auxiliaram na análise de 454 mil denúncias recebidas pela ONG em quatro anos.
A partir das denúncias recebidas, ambientalistas e estudiosos aliam conhecimentos para a elaboração deste documento, que traz as condições das águas no Brasil e os impactos sobre o ecossistema, homens e todas as outras formas de vida.
(Rios Vivos,
FGV, 19/06/2008)