Instituto detecta problemas no sistema de grades para impedir a fuga de animais, além de outras irregularidades. Lugar pode ser interditado se não cumprir prazo de reformas determinado pela JustiçaO Jardim Zoológico de Brasília passou por vistoria na tarde dessa terça-feira. Fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) coletaram livros de registro e visitaram viveiros em busca de irregularidades. O local não tem plano de emergência para fuga de animais ou acidentes e precisa reformar a Galeria África, onde ficam zebras, waterbucks e órixes (antílopes africanos). Em duas semanas, o órgão concluirá um relatório técnico com detalhes das condições dos espaços ocupados pelos bichos.
A galeria que abriga espécies oriundas da África passará por reforma no sistema hidráulico, abrigos de alvenaria, tanques de água e na cerca de proteção. A obra está em processo de licitação, mas deveria ter sido concluída até 2006, por determinação da Justiça. O Ibama e o Ministério Público do Distrito Federal (MPDF) querem saber também se o Zôo cumpriu um acordo firmado em agosto de 2005 para melhorar a segurança do parque. As mudanças tinham prazo de um ano para serem feitas, mas alguns itens ficaram de fora.
Em abril de 2005, o parque ficou três dias fechado por decisão da 6ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do DF. Na época, o tribunal alegou insegurança nas instalações e conseqüentes riscos a visitantes e funcionários. Um documento de 21 páginas indicava as recomendações do MPDF para a adequação do zoológico. Entre elas, há o reforço de travas das jaulas de felinos e um sistema de grades que evitaria a fuga dos elefantes. Os recintos do lobo-guará, lhamas e cachorro-do-mato precisavam de telas mais resistentes e corredores de segurança.
Plano de emergênciaA promotora de Defesa do Meio Ambiente e do Patrimônio Cultural Kátia Lemos acompanhou a ação e exigiu que o Jardim Zoológico de Brasília respeite as recomendações do MPDF. “Várias áreas vão ser verificadas para a proteção dos animais e da população. Não se tem um plano de emergência para fuga, os urubus tinham acesso à comida”, exemplificou e acrescentou que não dá mais mais esperar. Segundo ela, a equipe também vai checar a proximidade dos bichos com os visitantes e as travas de segurança nas jaulas de felinos.
Os fiscais observaram as moradias de répteis, micos, canídeos e borboletas. Na jaula do cachorro-vinagre, recomendaram a instalação de tela no teto para evitar a entrada de mosquitos e casos de leishmaniose. Eles mediram as dimensões do micário para checar se o tamanho condiz com o número de primatas que vivem ali. A análise dos documentos coletados na administração vai mostrar se há bichos sem registro de entrada ou saída. Os animais deixam de fazer parte do acervo quando morrem ou são trocados com outras instituições, mas tudo deve estar detalhado nos livros.
ProvidênciasO diretor presidente do zoológico, Raul Gonzalez, afirmou que quase todas as adequações estruturais foram realizadas e que não há perigo em visitar o parque. As jaulas e travas indicadas pelo MPDF ganharam reforço e não existe risco de fuga dos bichos nem de ataque aos visitantes.
O principal problema do zôo ainda é o plano de emergência. “Não encontramos uma empresa que possa montar o plano e treinar os funcionários. Nesta quarta-feira, nossa vigilância toma as providências necessárias quando é preciso”, disse Gonzalez. A área do zôo fica na rota de aviões em direção ao aeroporto, por isso o plano também deve prever ações em caso de acidente aéreo. De acordo com a promotora, o parque não corre risco de ser interditado enquanto o relatório do Ibama não ficar pronto.
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Portal Uai, 18/06/2008)