Para implementar o desenvolvimento integrado e sustentável da Região Metropolitana de Campinas, especialistas em meio ambiente do país e do exterior, empresários, organizações ambientalistas e representantes da área acadêmica, estiveram reunidos nestes dias 17 e 18 de junho, no Royal Plaza Hotel, de Campinas. A organização do evento foi do Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência (ILTC), entidade de caráter técnico-científico, que presta serviços à Petrobras-Replan, visando promover o desenvolvimento sociambiental da RMC, discutindo desde equilíbrio ambiental, biodiversidade, conservação de recursos naturais, controle e redução das emissões de gases do efeito estufa, eficiência energética e energia renovável até a implantação do futuro pólo de inovação tecnológico na região.
Este Fórum, proposto originalmente pela Associação Amigos e Moradores de Paulínia (AMA), faz parte das estratégias da REPLAN, para encerrar, com êxito, os processos de licenciamento das obras de modernização da refinaria de petróleo e como resposta às diversas demandas apresentadas pela comunidade local.
O presidente da CETESB, Fernando Rei, foi o coordenador de uma das mesas temáticas, a de Ar Limpo e Desenvolvimento Sustentável, quando foi apresentada a experiência do Centro Mario Molina, que desenvolve estudos estratégicos sobre energia e meio ambiente na Cidade do México. A conferência coube ao diretor executivo do Centro, Carlos Héctor Mena, tendo como dialogadores Marco Antônio Raupp, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); André Ferreira, diretor do Instituto de Energia Meio Ambiente, e Faustino Vertamatti, gerente de empreendimentos da REPLAN.
De acordo com o estudo feito na capital mexicana, mais de 400 cientistas de 120 instituições de pesquisa do México e do exterior, rastreiam o comportamento dos poluentes que afetam os moradores daquela metrópole, onde vivem quase 20 milhões de habitantes e onde estão associadas mais de 4 mil morte por ano. Chefiados por Mario Molina, cientista mexicano radicado nos Estados Unidos e ganhador do Prêmio Nobel de Química de 1995, por seus estudos da camada de ozônio, os especialistas trabalham com um orçamento de 25 milhões de dólares e aviões, um deles um DC-8 da Nasa. Eles investigam, por exemplo, até que ponto os aerossóis (partículas microscópicas de diversas composições em suspensão na atmosfera) interferem na qualidade do ar não apenas na capital mexicana, mas em escala maior, inclusive internacional.
Como o problema mexicano é semelhante ao que acontece em grandes centros urbanos, como a Região Metropolitana de São Paulo e, para evitar que este tipo de problema venha a se repetir na região de Campinas, os organizadores do Fórum fizeram questão trazer ao conhecimento da comunidade científica brasileira e lideranças locais, como vem sendo implantado o Projeto Milagro (Megacity Initiative: Local and Global Research Observations), como o estudo desenvolvido pelo Centro Mario Molina é chamado. A metodologia utilizada combina modelagem computacional e monitoramento do ar, além de uma alta resolução espacial.
Até 2020, com as medidas de controle ambiental previstas no projeto, como por exemplo a alteração na composição dos combustíveis e maior eficiência dos motores dos veículos, ou seja, a adoção de no máximo 30 ppm (partes por milhão) de enxofre na gasolina e de 15 ppm no diesel, espera-se uma redução de 48% nas emissões de hidrocarbonetos, 60% de óxidos de nitrogêni, 30% de monóxido de carbono e 44% de material particulado. Hoje, o grande problema em termos de poluição na Cidade do México, é a alta concentração de ozônio na atmosfera, com o registro de 60% dos dias do ano com ultrapassagens dos níveis deste poluente.
(Por Renato Alonso,
Ascom Cetesb, 18/06/2008)