A fala da presidente da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Elizabeth de Carvalhais, soou como eco no fórum setorial realizado terça-feira (17), pela Associação dos Profissionais de Venda em Celulose, Papel e Derivados (ANAVE). Carvalhais decretou no evento que a Bracelpa está disposta a combater campanhas de empresas, instituições e até do Governo que afetam o setor de papel e celulose.
A presidente disse que sua entidade irá defender de forma ardorosa a imagem distorcida do setor que é feita com o apelo do corte de árvores para se produzir papel. “Nós não cortamos árvores. Nós plantamos árvores. Por conta de nossas florestas plantadas, o Brasil é o único País do mundo que vai saber quanto seqüestrará de carbono em 100 anos. O povo brasileiro deveria se orgulhar disso”, expressou a presidente em tom de aclamação para a platéia do Ecoforum Anave, formada na maioria por papeleiros e profissionais de C&P.
Carvalhais apontou exemplos de campanhas que incomodaram a Bracelpa, como recentemente uma da Souza Cruz, que apoiava no slogan o fato de que a empresa é sustentável porque não corta árvores. Outra campanha que a executiva apontou já ter gerado manifesto oficial da Bracelpa foi a mídia lançada ontem pelo Banco do Brasil, na capa do jornal Valor Econômico. A publicidade faz uma relação da questão de sustentabilidade do banco, citando a redução de seu boleto bancário pela metade do tamanho e o quanto isso minimiza de impactos ambientais e de economia de cortes de árvores. A mensagem informa que com a iniciativa de redução do boleto serão poupadas 84 mil toneladas de papel, o que segundo o banco evita o corte de 3 mil árvores e 8 milhões de litros de água. “Esse tipo de campanha é que temos que combater”, afirma.
De acordo com Carvalhais, que chegou nesta semana de um encontro mundial da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), realizado na África do Sul, é preciso resolver urgentemente a falta de comunicação que causa ruídos no setor. “Lá se falou muito na importância de resolvermos esses problemas de comunicação”, conta. A presidente comentou que as associações mundiais de florestas estão levantando uma bandeira para tentar fazer uma campanha com o objetivo de mostrar o que é o trabalho nestas plantações. “Temos que ensinar ao povo brasileiro que ele tem uma das florestas mais importantes do mundo”, analisa Carvalhais.
Entre os projetos da Bracelpa já está pautada uma política de comunicação que pretende abrir frentes de esclarecimentos em nome do setor de celulose e papel. “A idéia é ter uma campanha educativa que dê ênfase no que ocorre de fato no setor e mostre o que representam as nossas florestas plantadas e certificadas”, anuncia Elizabeth Carvalhais.
Contra o GovernoA executiva da Bracelpa também sinalizou no Ecoforum seu descontentamento com a postura do Governo com relação às 12 legislações que transitam no Congresso Nacional para emplacar o uso do papel reciclado. Segundo ela, a iniciativa do Governo gera preocupações para o seu setor. “Nós não podemos admitir que o Estado interfira no mercado. Isso é impraticável. A intervenção do Governo induz o consumo, muda a competitividade, mudam-se os investimentos do setor”.
De acordo com ela, o preço do barril do petróleo está sendo praticado a US$ 130 e nem por isso o Governo recomendou à população que só utilize o álcool. Elizabeth Carvalhais comparou as medidas governamentais para o papel reciclado às normatizações que vigoram no Mercosul e expressou que apesar disso, o bloco econômico da América do Sul não decola.
(
Celulose Online, 18/06/2008)