A necessidade de valorizar os vazios urbanos e evitar a banalização dos empreendimentos imobiliários foi defendida, nesta quarta-feira (18/06), pelo arquiteto português José Paulo Mateus, comissário da 1ª Trienal de Arquitetura e Urbanismo de Lisboa, realizada em 2007. Mateus foi o primeiro palestrante do painel Dinâmica e Estética Urbana, no quarto dia do fórum "Porto Alegre, uma visão de futuro", promovido pela Câmara Municipal no teatro do Prédio 40 da PUCRS.
A busca por novos caminhos para o desenvolvimento de Lisboa motivou a idéia de realizar a 1ª Trienal de Lisboa, inspirada nas bienais internacionais de Arquitetura, entre elas a de São Paulo, informou o arquiteto. Sob o tema-chave Vazios Urbanos, a Trienal durou dois meses, reunindo conferências, exposições e atividades das quais participaram múltiplos parceiros.
A Trienal teve como objetivo central discutir o papel da arquitetura na resolução dos problemas da cidade. Nesse sentido, segundo Mateus, foram apresentadas experiências e propostas para o aproveitamento dos vazios urbanos. A principal delas, entre as citadas pelo arquiteto, foi a transformação de uma área industrial desativada, degradada e isolada, à beira do Tejo, em parque da Expo 98. Hoje, conforme Mateus, aquela região conta com estruturas como teatro, marina e Oceanário, um dos grandes atrativos de Lisboa.
Entre os projetos para os vazios de Lisboa em andamento, Mateus destacou a reurbanização da área do Aeroporto da Portela. O aeroporto está incrustado em região fortemente habitada, devendo ser transferido para a zona sul da capital portuguesa. Na busca de propostas para a área desativada, foi lançado um concurso, do qual surgiram também idéias de reaproveitamento da atual estrutura física do aeroporto.
Outra grande oportunidade de desenvolvimento para Lisboa em estudo, conforme Mateus, está no aproveitamento integral do Estuário do Tejo e de suas regiões ribeirinhas, o que inclui a integração das margens. "Porto Alegre tem potencial semelhante ao de Lisboa; bastaria que se organizasse nesse sentido", sugeriu.
Mateus afirmou que o grande número de projetos para os vazios de Lisboa resultou da mudança de mentalidade dos gestores públicos, arquitetos, engenheiros e empreendedores imobiliários. "Durante muito tempo, os espaços públicos foram maltratados", lembrou. "Hoje sabe-se a importância de exigir uma abordagem cultural nos projetos de arquitetura", afirmou. "A mente aberta dos empreendedores é fundamental para o desenvolvimento e a qualificação da vida nas cidades."
(Por Claudete Barcellos, Ascom CMPA, 18/06/2008)