O satélite franco-americano OSTM (Ocean Surface Topography Mission)/Jason 2 vai ser lançado hoje na Califórnia. A sua missão será fornecer dados precisos da evolução do nível dos oceanos, para permitir avaliar o impacto das alterações climáticas nos próximos anos. Se as condições meteorológicas o permitirem, o Jason 2 será lançado por um foguetão Delta 2 da base de Vandenberg Air Force, a partir das 12h46 locais (20h46 em Lisboa). Entrará em órbita 55 minutos depois, a 1335 quilómetros de altitude.
A OSTM/Jason 2 é fruto de uma parceria entre a NASA, o NOAA (Administração Nacional americana Oceânica e Atmosférica), o CNES e a agência europeia de exploração de satélites meteorológicos (Eumetsat). O seu principal instrumento é o altímetro radar Poseidon 3, do CNES, que mede com extrema precisão a distância entre a superfície dos oceanos e o centro da Terra, com uma margem de erro de 3,3 centímetros.
O satélite vai continuar as observações do nível dos oceanos e da circulação das correntes oceânicas do planeta começadas em 1992 pelo satélite Topex/Poseidon e, a partir de 2001, pelo Jason 1. Estas são missões conjuntas da NASA (agência espacial norte-americana) e do Centro Nacional francês de Estudos Espaciais (CNES).
Os dados fornecidos há 16 anos pelos dois satélites já ajudaram os cientistas a estudar a subida do nível dos oceanos e a compreender melhor as interacções entre as correntes oceânicas e as alterações climáticas. As medições efectuadas pelos dois antecessores do Jason 2 mostraram que o nível médio dos oceanos subiu cerca de 0,3 centímetros por ano desde 1993.
“Sem estes dados não teríamos nenhuma base de referência para avaliar as alterações”, explicou Lee-Lueng Fu, responsável científico pela missão Jason 2, do Jet Propulsion Laboratory (JPL), da NASA, em Pasadena (Califórnia).
Lee-Lueng Fu compara as medições do nível dos oceanos, começadas em 1992, às do dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, iniciadas nos anos 50 do século passado pelo observatório vulcanológico de Mauna Loa, no Havai. “As medições feitas por este observatório mostraram que o nível do CO2 na atmosfera terrestre aumentava como o previsto e estes dados foram a base da nossa percepção do efeito de estufa”, continuou.
“O nível dos oceanos é uma outra medida fundamental do nosso clima”, um instrumento essencial para compreender a dinâmica das alterações e as consequências planetárias, acrescentou. Os oceanos são o termóstato do planeta ao absorverem mais de 80 por cento do calor proveniente do aquecimento atmosférico dos últimos 50 anos.
(AFP, Ecosfera, 19/06/2008)