Nota oficial compara ação da BM à época da ditadura militar
Retirados na manhã de terça-feira (17/06) de dois acampamentos em Coqueiros do Sul, no norte do Estado, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) afirmaram ontem que pretendem voltar para as duas áreas vizinhas à Fazenda Coqueiros, onde acamparam por quatro anos.
Durante toda a quarta-feira, os sem-terra removidos trabalharam na montagem de um novo acampamento às margens da BR-386, em Sarandi, também no norte gaúcho. A acampada Maria Conceição, 43 anos, era uma das poucas presentes na área. Ela havia voltado para buscar alguns utensílios domésticos que ficaram para trás depois da desocupação surpresa executada pela Brigada Militar.
- Pode ser um barraco, mas é nossa casa - reclamava Maria.
Os 363 integrantes do MST retirados trabalhavam ontem na montagem do novo acampamento a 25 quilômetros dali, em Sarandi, no km 139 da estrada Sarandi-Almirante Tamandaré do Sul (BR-386). A coordenação estadual do MST no Rio Grande do Sul divulgou uma nota ontem reclamando das ações da Brigada Militar e comparando-as ao período da ditadura militar no país.
- Há um nefasto projeto político em curso no Rio Grande do Sul, envolvendo a proteção dos interesses de empresas estrangeiras, que são também grandes financiadoras de campanha, a supressão de direitos civis e a repressão policial - disse a nota.
De acordo com o comandante regional da Brigada Militar, coronel Pedro Lima, o prazo para que os sem-terra retirassem lonas, roupas e utensílios domésticos das áreas desocupadas terminou no início da noite de ontem. Na manhã de terça, uma decisão judicial considerou ilegítima a permanência em áreas ocupadas pelo movimento. A Fazenda Coqueiros já foi invadida 12 vezes pelo MST, que usou os acampamentos como ponto de partida para as invasões.
(Por Leandro Belles, Zero Hora, 19/06/2008)