Em relação à cobertura da imprensa corporativa, a jornada de lutas dos movimentos sociais teve bastante destaque nos jornais impressos, segundo avaliação do jornalista Bráulio Ribeiro, do Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social. "As críticas à monocultura do eucalipto, transposição do rio São Francisco, Vale do Rio Doce e grandes empresas apareceram nos principais jornais do país, que destacaram também o caráter nacional das ações", diz.
No entanto, afirma o jornalista, a violência da Brigada Militar Gaúcha nas manifestações no RS - e o apoio da governadora à ação da polícia - "foi legitimada pelo jornal carioca O Globo". Já nos paulistas Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, a cobertura foi mais positiva ao relacionar os atos no Rio Grande do Sul com as denúncias de corrupção contra o governo de Yeda Crusius, acredita o representante do Intervozes.
Ribeiro aponta que na cobertura de quinta-feira (12/06) as ações passaram a ser criminalizadas nos editoriais dos jornais Estadão e Folha. "Ambos sustentam a tese de que o MST e a Via Campesina são contra o desenvolvimento nacional, defendem o atraso e utilizam métodos violentos". O jornal O Globo chegou a comparar o MST à Klu Klux Klan, ao afirmar que "em vez de racismo, prega o ódio de classe".
Segundo Ribeiro, a cobertura do periódico carioca vem defendendo que as ações dos movimentos camponeses "são contra o desenvolvimento" desde março, quando mulheres da Via Campesina realizaram ações em todo o país, no dia internacional da mulher.
"Na cobertura dessa jornada de lutas, tanto nas matérias como nos espaços de opinião o jornal tem sido truculento, chamando os manifestantes de vândalos e criminosos", comenta. "Explicitamente, cobram a repressão violenta daqueles que lutam por seus direitos, mas não denunciam os absurdos cometidos pelas transnacionais, que abusam de seu poder econômico e têm sistematicamente desrespeitado decisões judiciais", completa.
(Da Agência Brasil de Fato, MST, 17/06/2008)