O Cadastro Estadual das Pessoas Jurídicas que comercializam produtos e subprodutos de origem nativa da flora brasileira - Cadmadeira, lançado pelo governo do Estado de São Paulo no início deste mês pode não atingir seu objetivo: conter o consumo de madeira ilegal no estado.
Iniciativa do estado que mais consome madeira produzida na Amazônia (15%), o Cadmadeira faz parte do programa "São Paulo Estado Amigo da Amazônia", do Greenpeace, e certificará as madeireiras com o selo "Madeira Legal". O cadastro será feito voluntariamente e administrado via internet, pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado.
Apesar da boa intenção, Karina Aharonian do projeto Compradores de Produtos Florestais Certificados, acredita que o cadastro possa desestimular as empresas inicialmente, mas não espera uma redução de empreendimentos ilegais. "A princípio creio que o cadastro possa inibir as empresas que trabalham de forma ilegal, mas como ele é voluntário não vejo uma forma de redução imediata", afirma Karina. Para ela, uma das soluções seria exigir o cadastro obrigatório. "Para chegarmos ao combate do desmatamento precisamos dar um passo bem maior e exigir que toda a madeira seja proveniente de áreas de manejo sustentável ou de baixo impacto".
De acordo com Claudio Monteiro, diretor geral do Instituto Florestal e gerente do Programa São Paulo Amigo da Amazônia, o projeto ainda não tem impactos previstos. "Vai depender do marketing da própria madeireira que tem o selo legal. A expectativa é que funcione positivamente para quem trabalha de acordo com a lei e quem está em desacordo com a normalização pode ter um fracasso industrial. O resultado vai ser gradual e na medida em que a sociedade for se conscientizando", relata
Selos, selos e mais selos
A criação de um novo selo é também um desafio, já que existe uma série de certificações e pouca divulgação. "Atualmente existe um número excessivo de selos e em alguns casos o consumidor vê o selo no produto, mas não sabe qual o significado. Cabe ao governo trabalhar numa forma de explicar ao consumidor o significado do selo para que ele não se perca dentre os tantos outros", conta.
O diretor do programa afirma que o marketing deve abrir as portas das empresas para que o consumidor conheça os produtos. Monteiro afirma que a idéia é que o marketing do projeto seja similar ao "Visite nossa cozinha", muito difundindo em restaurantes. Neste caso, porém, os interessados visitariam os depósitos madeireiros que organizam as madeiras nominalmente. "Serve também como uma forma de transparência ".
(
Amazonia.org.br, 1806/2008)