Produção de celulose pode aumentar com árvore geneticamente modificadaAté 2012, o Brasil poderá ter florestas de eucalipto transgênico. Já foram liberados pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) 12 experimentos com variedades geneticamente modificadas da árvore.
De acordo com especialistas, o eucalipto transgênico deve ter a sua comercialização aprovada em dois ou três anos. Com ele, acredita-se que a produtividade das florestas deve ser aumentada, já que a mesma área plantada pode render uma quantidade bem maior de celulose.
- Pelo ritmo das pesquisas, em até três anos teremos reunido informações suficientes para que sejam feitos os primeiros pedidos de liberação comercial desse tipo de eucalipto - conta o farmacêutico Giancarlo Pasquali, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde estuda a biologia molecular dos eucaliptos.
A maioria das modificações genéticas no eucalipto visa a alterar a qualidade da sua madeira, reduzindo o teor de lignina, substância que funciona como uma espécie de cola entre as fibras vegetais e tem que ser removida para a obtenção da celulose.
- A lignina dificulta a separação da celulose - explica Pasquali. - Reduzindo os seus teores em até dez por cento, teríamos um grande ganho geral.
Redução de elementos químicos na obtenção de papel De acordo com os defensores do eucalipto transgênico, esses ganhos incluiriam um aumento na concentração de celulose (ou seja, a mesma quantidade de madeira pode ser usada para se conseguir uma quantidade maior de celulose), além da redução da necessidade do uso de elementos químicos para a obtenção do papel.
- Na verdade, toda a indústria de celulose que exporta seu material para a Europa já atende a várias certificações ambientais, sem as quais não poderia vender seu produto - esclarece o farmacêutico. - O que pode ser feito além disso é reduzir os gastos no tratamento de efluentes. Mas tudo isso vai depender do resultado dos experimentos em campo. Eles é que vão comprovar se há ou não vantagens do eucalipto transgênico em relação ao convencional.
(O Globo,
FGV, 18/06/2008)